Sobre o acumulo de responsabilidades nas pessoas de produto

Como o crescimento acelerado transforma gestão de produto em "faz-tudo" e por que isso mata a inovação no longo prazo.

Sobre o acumulo de responsabilidades nas pessoas de produto
Photo by Valery Fedotov / Unsplash

Staff PM, CPO, Head de Produto, GPM, PM, APM... são tantos nomes que a gente acaba se confundindo muito com as responsabilidades. Mas o problema real não está na nomenclatura. Está na tendência perigosa de empilhar responsabilidades em uma pessoa só até ela quebrar.

PM nasceu originalmente como contribuidor individual. Ele NUNCA foi pensado para ser alguém que gere pessoas. Partindo desse princípio, a gente consegue entender exatamente para onde o mercado se direcionou na última década. E não foi por mal, foi por necessidade.

O que funcionava (e ainda funciona em empresas pequenas)

A hierarquia mais comum das coisas era basicamente essa: CPO/Diretor no topo, um Head de Produtos no meio, e três PMs na base. Simples, direto, eficiente.

Nada de muitos problemas até aqui. Se levarmos em consideração esses três PMs, teoricamente onde cada PM conseguiria trabalhar com 2 times de tecnologia ao mesmo tempo (com escopos parecidos, obviamente... se não vira loucura), teríamos aí uns 6 times de tecnologia completos. Se tivermos umas 7 pessoas cada time (incluindo devs, QAs e designers), temos aí umas 40-45 pessoas.

Esse número para mim já é uma área que conseguiria construir, monitorar, sustentar e evoluir um produto com qualidade razoável, em uma velocidade acelerada (não to falando de hyper growth). Obviamente com comunicação e processos eficazes. As vezes, o papel do Head e Diretor possam até ter muito overlap. Então, as vezes, os dois papéis não precisariam existir ao mesmo tempo nesse contexto. Talvez.

Quando a coisa desanda

Mas o que acontece é que as empresas crescem rápido - principalmente quando falamos de empresas de tecnologia. Há sempre aquele boom de sair de 10 pessoas para 50. Depois de 50, ir para 100. E quando a empresa se vê, está com 500 pessoas e a história sempre é a mesma: dores do crescimento fizeram a gente acelerar as entregas para tentar dar conta desse crescimento e cobrança de negócio.

Daí, as coisas começam a degringolar. Uma saída comum que a maioria das empresas decidem é aumentar os times. Principalmente os times de produto e tecnologia.