O perigo da priorização através da metodologia QBM

Existem diversas metodologias utilizadas pelas equipes de produto para realizar a priorização do que é mais importante para ser feito primeiro. Porém, uma delas pode ser extremamente perigosa para o negócio: a Metodologia QBM.

O perigo da priorização através da metodologia QBM
Photo by Markus Spiske / Unsplash

É comum que com a popularização de um produto digital e consequentemente o aumento de engajamento dos usuários, as demandas por incrementos ou novas features cresçam. Estas demandas podem chegar à equipe de produtos através de diversos stakeholders, desde o usuário final até a diretoria da empresa.

Cabe à equipe de produto identificar, dentre o mar de sugestões de melhorias e novas funcionalidades, quais serão as prioritárias e quais são aquelas que estão relacionadas aos objetivos da empresa e ao roadmap do produto.

Porém, com a alta demanda por entregas e a pressão efetuada por diversos stakeholders na equipe de produto, facilmente a equipe poderá perder as rédeas do produto e entrar no piloto automático, passando a utilizar como método de priorização das demandas, de forma inconsciente, a metodologia QBM, um acrônimo para “Quem Berra Mais”.

A priorização das demandas por QBM

A metodologia QBM, ou “Quem Berra Mais”, inicia-se quando a equipe de produto recebe diversas demandas dos stakeholders, de forma que existam mais recursos a serem analisados e implementados do que mão de obra hábil para executá-los. Desta forma, caso não haja uma prática de priorização bem definida e transparente para todos, o produto começará a ser gerenciado por entregas e não por resultados, em que serão priorizadas as entregas dos stakeholders que mais exercem pressão sobre a equipe de produtos, ou seja, quem berra mais.

Ao trabalhar desta forma, a equipe perderá o rumo do produto, já que o gerenciamento por entregas estará priorizando aqueles que mais exercem pressão na equipe, mesmo que a funcionalidade requisitada não esteja de acordo com os objetivos do produto e a estratégia do negócio.

Desta forma, alguns sentimentos irão rodear a equipe, como:

  • Sentimento de que as demandas nunca têm fim;
  • Sentimento de trabalhar muito e ver pouco resultado relevante;
  • Falta de pensamento estratégico para o produto;
  • Diminuição de entregas de recursos que demonstram grandes resultados;
  • Falta de alinhamento entre o que é desenvolvido e os objetivos da empresa.

Uma forma de contornar isto

Para evitar que isto aconteça, é necessário que haja uma mudança de cultura e de mentalidade na empresa como um todo. A equipe de produto deverá definir os objetivos do produto e a visão de onde se deseja chegar, de forma alinhada com a visão estratégica do negócio, tornando-os claros para todos os stakeholders e os fazendo entender que as demandas executadas serão priorizadas de acordo com os objetivos já estipulados e os resultados que se desejam atingir.

Desta forma, mesmo com pressão dos stakeholders, a equipe de produto conseguirá mostrar de forma transparente qual demanda será executada primeiro, para assim seguir os objetivos traçados e dar foco naquilo que foi definido como importante, passando a trabalhar com foco nos resultados e não mais em entregas específicas.

Porém vale ressaltar que nada é imutável, podendo haver mudanças na estratégia do negócio por parte da diretoria, ou até mesmo nos objetivos do produto, estando a cargo da equipe de produto acompanhar estas mudanças e realizar as alterações necessárias na priorização das demandas para que os resultados estipulados sejam alcançados.

Referências