Minimalismo na gestão de produto ou o problema do excesso

A gestão de produtos digitais frequentemente sofre com o que chamo de "síndrome do mais é melhor": mais funcionalidades, mais reuniões, mais métricas, mais ferramentas, mais relatórios.

Minimalismo na gestão de produto ou o problema do excesso
Photo by Amy Humphries / Unsplash

Esse acúmulo desmedido vai contra princípios fundamentais de eficiência e, paradoxalmente, reduz o valor que entregamos aos usuários.

Como quem faz gestão ou liderança de produtos, estamos constantemente sob pressão para entregar mais, mais rápido. No entanto, essa mentalidade acaba criando produtos inchados, times sobrecarregados e estratégias confusas.

Isso nos leva para uma execução descontrolada do plano, o que definitivamente acaba empurrando os times para um ciclo terrível que não é facilmente interrompido, de trazer soluções com o intuito apenas de ganhar tempo, e não em fazer a solução que realmente resolve o problema raíz.

Esse problema é mais comum do que se imagina e você vai presencia-lo em diversos momentos da sua carreira. Eu espero que você presencie poucos momentos assim.

O custo escondido da complexidade

Cada nova funcionalidade, cada novo relatório, cada nova reunião tem um custo que vai muito além do tempo de desenvolvimento:

  • Custo de manutenção: Código adicional significa mais pontos de falha potenciais.
  • Custo cognitivo: Interfaces complexas exigem mais esforço mental dos usuários, e mais mudanças de prioridades exige mais esforço cognitivo do time.
  • Custo organizacional: Mais iniciativas significam atenção dividida e foco reduzido.

Se fôssemos pensar como estoicos modernos da gestão de produtos, deveríamos reconhecer que esses custos invisíveis frequentemente superam os benefícios percebidos. É como a busca pelo prazer de satisfação momentânea.

1. Foco no que se pode controlar

Mas o estoicismo nos ensina a diferenciar entre o que está e o que não está sob nosso controle. Essa é basicamente a primeira regra do estoicismo aprendida em qualquer vídeo de três segundos de tiktok. Na gestão de produtos, isso significa:

  • Focar nas métricas que realmente refletem o valor que entregamos, não nas que impressionam stakeholders;
  • Priorizar a resolução de problemas reais dos usuários em vez de seguir tendências de mercado;
  • Concentrar esforços em melhorar o que já existe antes de construir algo novo;

Veja bem: você vai ouvir em uma mesma reunião, o mesmo stakeholder - C-Level, investidor ou qualquer um que vive no Olimpo - dizer que “precisamos de resultado a todo custo e que não podemos desperdiçar um grande cliente”, e no momento seguinte, “devemos nos focar para resolver os puta que pariu que explodiram nossa operação no final de semana". Desculpe pelo meu "francês", mas duvido que você nunca tenha passado por algum cenário parecido.