Um guia para criar uma estrutura organizacional orientada a dados e experimentações

A palavra hipótese veio para nos ajudar a criar uma estrutura organizacional mais orientada a dados e experimentações

Um guia para criar uma estrutura organizacional orientada a dados e experimentações
Photo by Tim Graf / Unsplash

Falamos muito sobre hipóteses no dia a dia, principalmente no mundo corporativo, e o que aprendi é que a maioria das coisas da qual falamos não passam de achismos, palpites, especulações ou suposições, se considerarmos que a hipótese é um método científico.

Na gestão de produtos, ou na vida, uma hipótese é um método científico para reduzir as incertezas e possivelmente solucionar um problema. Sendo um conjunto estruturado de argumentos e explicações que possivelmente justificam dados e informações, mas que ainda não foram confirmados por observação ou experimentação.

É a afirmação positiva, negativa ou condicional (ainda não testada) sobre determinado problema ou fenômeno.

Entendendo o Ciclo de Abstração e Tangibilização

Todo processo de resolução de problemas segue um ciclo de Abstração (para motivar) e Tangibilização (para ver se deu certo). Todo processo de resolução de um problema, desde uma doença com a medicina até a gestão de um produto.

Exemplos:

Estratégia (Abstração) - KPIs (Tangibilização)

Oportunidades (Abstração) - Hipóteses (Tangibilização).

Vamos aos 5 passos para criar uma verdadeira hipótese.

  • Passo 1 — Declaração do Problema (Tangibilização)
  • Passo 2 — Zoom out, Contexto, Cenário, Análise Descritiva (Abstração)
  • Passo 3 — Zoom in, Análise Diagnóstica (Tangibilização)
  • Passo 4 — Análise Preditiva, Previsões (Abstração)
  • Passo 5 — Hipótese, Análise Prescritiva (Tangibilização)

Detalhando os passos

Antes de detalhar sobre os cinco passos, é preciso lembrar do passo ZERO, seja humilde, assuma que não sabe e se apaixone pelo problema.

Passo 1 — Comece pela declaração do problema.

Podemos afirmar que um problema é aquilo que te distancia, ou até mesmo é o vão, a lacuna entre o seu ponto A (onde você está) e o seu ponto B (onde você quer chegar). Normalmente se apresenta como uma dor, um desejo ou uma necessidade. Um problema não tem rosto.

Para identificar o problema você pode utilizar várias formas, mas, aposte no simples "Os 5 Porquês da Toyota".

Escreva o problema, esclareça as ambiguidades.

Exemplo de declaração de problema: O meu paciente está com febre e dor muscular.

Passo 2 — Zoom out, Contexto, Cenário, Análise Descritiva.

A partir do momento em que temos a declaração do problema, iniciamos um processo de zoom out, conhecer o território, entender o contexto, leitura de cenário, de anamnese

"Segundo a medicina, um bom diagnóstico está em uma boa anamnese".

Uma boa anamnese é composta por alguns elementos indispensáveis, reúna tudo o que se precisa saber sobre o seu paciente (cliente) num único lugar, mantendo o foco em: queixa principal (QP), histórico familiar e nas patologias pregressas.

Quem é o público alvo? Por que ele compra? O que está acontecendo? Quais são os dados que temos para análise? Macroeconomia, Market share, Quantidade de clientes.

Também podemos conversar com o paciente, investigar o histórico, ter uma interpretação verbal e não verbal, fazer cruzamento de informações, entender a história da doença atual (HDA), interrogatório sistemático ou sintomatológico (IS), hábitos de vida e história psicossocial (condições socioeconômicas e culturais).

Passo 3— Zoom in, Análise Diagnóstica

Com um bom entendimento do contexto do problema, passamos a estabelecer um diagnóstico.

Na fase de diagnóstico procuramos entender o porquê isso aconteceu, quais são as correlações e causalidades do problema.

Neste caso poderia ser diagnosticado um resfriado, uma gripe, dengue, enxaqueca, ou qualquer outra doença infecciosa na qual os sintomas podem incluir a febre e a dor muscular.

Na gestão de produtos, uma ferramenta utilizada para o diagnóstico é o JOBS TO BE DONE.

Passo 4— Análise Preditiva, Previsões

Neste momento analisamos fatos atuais e históricos para fazer previsões sobre eventos futuros. O que vai acontecer se o problema não for resolvido? Qual a tendência em cima dos DADOS analisados?

Passo 5 — Hipótese, Análise Prescritiva  (Hora de fazer o exame)

Quais soluções podem ser implementadas? Quais os retornos esperados para as soluções apresentadas? Ou melhor, descreva o método científico.

As hipóteses possuem características como:

  • Ter enunciado, ser uma sentença declarativa;
  • Possuir uma relação entre duas ou mais variáveis (parâmetros);
  • Ser testável, passível de comprovação, por processos de observação e/ou experimentação.

E o que é a hipótese para o caso?

A hipótese é a conclusão da consulta.

(Se o paciente tomar as medicações e se hidratar com 3 litros de água diariamente durante 5 dias, esperamos que a febre e a dor muscular desapareçam).

Hipótese afirmativapositiva (O resultado da pesquisa deve comprovar a afirmação);

Hipótese afirmativanegativa (O resultado da pesquisa deve comprovar a afirmação);

Hipótese condicional (O resultado da pesquisa é condicionado aos resultados).

Na gestão de produtos, orientada a resultados, ao testar e validar uma hipótese, nós precisamos de alguns pontos. São eles:

  • Uma solução descrita;
  • Fator tempo;
  • Resultados esperados com métricas.
Voltamos a lição ZERO: humildade, pois toda hipótese, ainda que confirmada, está associada a um tempo.

Conclusão

Muito se fala no mundo corporativo sobre hipóteses como forma intelectual para destilar opiniões e achismos.

Mas basta entender que a palavra hipótese veio para nos ajudar a criar uma estrutura organizacional mais orientada a dados e experimentações. Nos ajudando a reduzir as incertezas e reduzir riscos.

Me conta aí o que vocês acham 😁✌🏼

Referências