Shuhari e o valor de frameworks

O seu cliente não se importa com os frameworks que você sabe utilizar. Mas nem tudo está perdido - existe valor em dominá-los, desde que se mantenha o foco em para quê eles servem, na jornada do aprendizado à maestria.

Shuhari e o valor de frameworks
Photo by HI! ESTUDIO / Unsplash

Recentemente compartilhei uma história pessoal na minha timeline do LinkedIn, de como utilizei o conceito japonês de arte marcial conhecido como Shuhari para treinar minha filha de 6 anos a largar as rodinhas da bicicleta. Fiquei surpreso como, em pouco tempo, ela aprendeu de forma natural e orgânica a utilizar os movimentos fundamentais para começar a se virar por conta própria, e ter, basicamente, tudo o que precisa para seguir treinando até dominar a arte do pedal.

Esta singela experiência me levou a refletir fortemente sobre o significado por trás do conceito de Shuhari, e como isto pode ter implicações no nosso dia a dia de produto.

Shuhari: Os três conceitos japoneses

Na verdade, isto me remeteu a minha infância e minhas referências enquanto "filho" dos anos 80… Tomara que mesmo os mais jovens também reconheçam aqui a conexão com a icônica cena de Karate Kid do "wax on, wax off" (movimentos circulares polindo o carro).

Suponho que não conta mais como spoiler tratar de como aqueles ensinamentos básicos culminam na luta final da competição de Karatê. Em que Daniel LaRusso, personagem principal, improvisa um chute extrapolando toda a técnica que aprendeu de uma forma criativa, frente a crise de ter lesionado um dos pés.

E esta é justamente a definição do conceito de Shuhari, que se define pela combinação de três palavras/conceitos do idioma japonês:

  • Shu: aprender os fundamentos, proteger a sabedoria tradicional.
  • Ha: descobrir novas abordagens, lidar com exceções, romper com a tradição.
  • Ri: todos os movimentos tornam-se naturais, independentemente de técnica ou sabedoria tradicional.

Em outras e poucas palavras, Shuhari é como uma caminhada do aprendizado até a maestria, e é importante destacar os dois lados da moeda:

  • Não se alcança a maestria sem dominar os fundamentos e o que perdurou à prova dos tempos (tradição);
  • Mas também só se alcança a maestria quando se consegue, em algum nível, romper o tradicional, o que costuma ocorrer ao combinar, de forma mais criativa, o repertório básico, que já se domina.

Agora, o que isso tem a ver com (gerenciamento de) produto? E que conexão estou fazendo com (o valor de) frameworks no título do texto?

O valor dos frameworks