Quando storytelling pode ser um problema…

A habilidade de storytelling é muito relevante, já que como um ex-chefe costumava falar, todos no mercado somos "vendedores", alguns têm uma outra ocupação também. Mas existe um risco, em sobrevalorizar storytelling por si só. Trago a reflexão no melhor espírito "pensando em voz alta".

Quando storytelling pode ser um problema…
Photo by Mike Erskine / Unsplash

Antes de mais nada, preciso fazer um alerta, um aparte aqui… Diferentemente do que costuma ser minha intenção com meus artigos ao Product Oversee, este aqui tem uma natureza menos prática. Trata de uma reflexão que trago à luz para o debate. Embora procurei trazer alguns insights de caminhos para lidar com possíveis disfunções ligadas ao problema a que vou fazer alusão. Sigamos adiante, primeiro com uma pequena história pessoal.

Um dos maiores elogios que recebi na minha carreira como líder de pessoas, aconteceu mais ou menos assim…

Num contexto em que foram oferecidas duas opções para uma pessoa, uma sob minha liderança e outra sob a liderança de outro líder (um par meu), esta pessoa pediu um conselho a alguém que ela confiava. Esta outra pessoa que, diga-se de passagem tem um grande poder de síntese, estava trabalhando sob minha liderança. Após ter trabalhado também sob a liderança do outro líder envolvido na situação, e resumiu sua experiência da seguinte forma:

O "fulano" sonha. O Rodrigo sonha, e faz.

Uma aclaração cabe aqui. Prometo que esta não é uma história para me vangloriar. Eu nem tenho o narcisismo tão aflorado assim, muito pelo contrário. Mas acontece que a singela história que contei, até hoje, alimenta muito das minhas reflexões. Não tanto por ela em si, mas por todas as repercussões que, eventualmente, se materializaram, e que nem vem tanto ao caso elaborar muito mais aqui.

Exímio "encantador com as palavras"

Tudo o que você precisa saber é que o tal "fulano", meu par à época, é um exímio "encantador com as palavras", destes que têm uma capacidade de storytelling ímpar. Sempre soube como posicionar os seus sonhos de forma efetiva, e como se comunicar, principalmente "para cima" (próximos níveis de liderança), e por isso teve portas abertas, levando vantagem  (e desconfio que até hoje segue, mas eu não mais acompanho de perto) e destacando-se no olhar da alta liderança. Tem seu mérito por isso, é uma arte que admiro. Mas eis o ponto central de reflexão, talvez até uma provocação:

Quanto do jogo corporativo se explica por tais fatores intangíveis, como a capacidade de contar uma boa história, desenvoltura no idioma padrão global (inglês), e coisas do tipo; versus a capacidade real de fazer as coisas acontecerem, ainda que com menos alarde?!