Recentemente, mergulhei no provocativo livro de Joel Kotkin, "The Coming of Neo-Feudalism: A Warning to the Global Middle Class". Kotkin argumenta que estamos vivendo uma nova era de feudalismo digital, onde um pequeno grupo de empresas dominantes detém o controle desproporcional sobre a economia digital e a sociedade em geral. Essas "senhorias" tecnológicas, como Google, Amazon e Facebook, exercem poder monopolista, restringindo a competição e consolidando riqueza e influência.
Kotkin descreve uma preocupante semelhança com o feudalismo da Idade Média, onde a terra era controlada por uma elite, os senhores feudais, e a grande massa da população - os servos - não tinha poder ou propriedade. No mundo digital, os dados são a nova terra, e a maioria de nós, como usuários e trabalhadores da economia gig, desempenha o papel dos servos do século XXI.
Este paralelo entre a nossa era digital e o feudalismo do passado me levou a refletir sobre outra época da história: a Revolução Industrial. Um período de mudança radical, onde trabalhadores cansados da exploração se uniram para exigir condições mais justas. À medida que entramos mais profundamente na era digital, estamos vendo sinais semelhantes de resistência.
A recente greve entre os entregadores do iFood no Brasil é um exemplo concreto. Cansados de serem explorados pelo sistema de pontuação e por baixas remunerações, esses trabalhadores se uniram para reivindicar melhores condições. Além disso, rumores de um "apagão" planejado pelos usuários do Reddit são outra indicação de que os usuários digitais estão se mobilizando, de maneiras semelhantes aos trabalhadores durante a Revolução Industrial.