Framework é meio, não fim

Já parou para imaginar se vivêssemos sempre amarrados às mesmas práticas e ferramentas?

Framework é meio, não fim

Certa vez, conversando com a minha esposa (que é nutricionista), ouvi que todas as pessoas deveriam prezar por hábitos saudáveis. Na boa, estamos todos “carecas” de ouvir isso. O ponto principal, porém, veio logo a seguir:

Nosso desafio é ajudar as pessoas a fazerem o melhor que puderem com aquilo que tiverem.

E explicou:

Nem todos gostam de frutas, verduras e legumes. Precisamos utilizar estratégias para inserir esses ingredientes, nem que seja a "passos de tartaruga".

Algumas puérperas simplesmente não conseguem amamentar tanto quanto gostariam e precisam suplementar a alimentação do bebê com fórmula. Isso já é frustrante demais para as recém mamães e, por mais que a amamentação seja indicada, a fórmula serve para isso!

Há outros casos de pessoas que trabalham em dois ou três empregos e passam horas no transporte público para conseguir pagar as contas. É preciso considerar a rotina de cada um antes de cobrar os tão famosos hábitos saudáveis.

Nestes casos, feito é melhor do que perfeito.

#semDefeitos, não?

Lembro que, neste momento, foi exatamente quando pensei em escrever este texto. Quantos por aí ainda insistem em aplicar diversos frameworks sem considerar o contexto de suas organizações? Ontem ouvi o podcast do Product Guru’s sobre Como combinar Cultura e Estratégia através dos OKR? com a Júlia Sousa (que nem conheço e já considero pacas ✌🏻).

Em certo momento, rolou a seguinte conversa:

Chiodi: ô Julia, quais são os frameworks que você usa aí?
Júlia: olha, eu acho que na prática, nenhum.

Os frameworks: 🤡.

É isso. O problema é que a vida não se passa num vale encantado repleto de unicórnios coloridos e saltitantes. Na prática, parceiro, a teoria é outra. Sempre falei isso e convém reforçar: contexto importa, portanto, avalie o da sua organização antes de aplicar uma ferramenta by the book. Se for possível adotá-lo nos mínimos detalhes, ótimo, siga em frente! Se não, adote o que fizer sentido da forma que der. Se for necessário, crie o seu!

Já parou para imaginar se vivêssemos sempre amarrados às mesmas práticas e ferramentas? Provavelmente ainda estaríamos utilizando instrumentos de pedras lascadas. Portanto, quebre o sistema e ajude a evoluí-lo. Todos esses “frameworkzinhos hypados" só chegaram onde chegaram porque alguém desafiou o status quo e propôs alguma mudança em algo que provavelmente era padrão. Às vezes, pode ser que uma novidade emerja da junção de duas ou mais práticas, por que não? O próprio Newton disse certa vez:

Se eu vi mais longe foi por estar sobre ombros de gigantes.

☝🏻 Trecho de uma carta de Newton para Robert Hooke, 5 de Fevereiro de 1676, baseado numa metáfora atribuída a Bernardo de Chartres.

O que vale no final é dar resultado. Por isso, reforço: framework é meio, não fim. Por isso, faça o melhor que você puder com aquilo que tiver.