O contexto
Você, pessoa de produto, me responda uma coisa: quantas vezes já se deparou com livros, artigos e postagens sobre estratégias, frameworks, discovery, delivery, métricas, indicadores, etc, te ensinando a alcançar melhores resultados no produto que “gerencia”? Acredito que várias. Minha percepção é que nós, ao menos em geral, temos esse perfil de sermos curiosos, estudiosos e generalistas. O que acho ótimo, já que conhecimento nunca é demais e ajuda a completar a sua caixinha de ferramentas. Melhor saber e não precisar do que precisar e não saber, certo? Toca aí: 👊.
Apesar do tom de brincadeira, o assunto é sério. Minha impressão é de que a área tem passado por uma forte glamourização nos últimos anos, o que tem atraído os olhares de vários profissionais desejosos em construir uma carreira em produtos. Assim, reforçando o perfil já comentado, consomem os materiais acima citados que, em sua maioria, ainda que de forma não intencional, podem fortalecer o sentimento de que aplicar determinado método vai lhes trazer o resultado desejado.
Diante do que foi dito, o fato é que não há garantias e pouco se fala sobre os fracassos. O que acontece, então, quando o resultado não vem? Dada a minha pergunta, assumo a seguinte premissa: não importa quantas ferramentas existam em seu cinto de utilidades, não há um só profissional neste mundo que tenha controle sobre todas as variáveis e Murphy vive. #shithappens
É importante falarmos sobre isso. Vivemos num mundo cada vez mais acelerado e inundado de informações que mudam o tempo inteiro (alô, VUCA!) o que, acredito, tem gerado cada vez mais insegurança nos profissionais que precisam corresponder às expectativas. O Panorama do Mercado de Product Management de 2021 produzido pela PM3 revelou que 27,8% dos respondentes avaliaram, dentre as opções disponíveis, o fato do trabalho na área de produtos ser “Emocionalmente desgastante” como o menos favorito. Como se não bastasse, 83,2% já tiveram síndrome do impostor, o que, de acordo com o relatório, afeta negativamente tanto o psicológico quanto o emocional dos profissionais. Não é à toa e tenho visto com certa frequência o relato de pessoas de produto testemunhando que precisaram parar de trabalhar para cuidar da saúde. O motivo? Burnout.
Veja as notícias:
“Em 2021, uma média de quatro milhões de americanos pediu demissão voluntariamente todos os meses nos EUA. O fenômeno foi tão atípico que ganhou nome: “Great Resignation”, ou “A Grande Resignação”. E está acontecendo no Brasil também. Meio milhão de brasileiros pedem demissão a cada mês, um ritmo nunca antes visto. Numa pesquisa feita nos EUA com gente que pediu demissão recentemente, o burnout aparece como o principal motivo para a decisão, citado por 40%.”.
“O distúrbio é mais comum em profissionais que atuam constantemente sob pressão, em longas jornadas de trabalho, em ambientes de competitividade ou de grande responsabilidade.”.
Agora observe o relato abaixo: