Os 10 animais perigosos da gestão de produto

Cuidado, perigo, perigo

Os 10 animais perigosos da gestão de produto
Photo by J Dean / Unsplash

Seja bem-vindo(a) à grande savana da gestão de produtos, onde os PMs lidam com diferentes espécimes de stakeholders enquanto enfrentam as intempéries dos débitos técnicos e dos enxames de bugs. A arte da sobrevivência a stakeholders ávidos por funcionalidades infinitas e os segredos por trás da influência sem autoridade começam pelo reconhecimento de situações desafiadoras para nós, PMs, e possíveis formas de solucioná-las. Por isso, para enfrentar essa selva, é necessário compreender bem a sua fauna e perigos. 

Aqui, tomamos emprestados os animais perigosos apresentados por Dean Peters em um artigo clássico que depois se tornou uma série de conteúdos para o Product Board. Tomei a liberdade de incrementá-los acrescentando possíveis formas de enfrentamento de cada um desses animais com base em leituras e algumas vivências. Espero que aprecie a leitura.

Lobo (WoLF - Works on Latest Fire) 

“A tela de compras tá travando quando tento comprar…”
— Avaliação do usuário na App Store

Acontece quando product managers precisam abandonar suas atividades atuais para priorizar um problema urgente. O WoLF representa a necessidade de resolver problemas como questões de segurança, falhas críticas ou perda de dados, ao invés de construir novos recursos ou funcionalidades.

Por que o WoLF é perigoso:

O WoLF pode acabar levando a uma abordagem reativa, em que todos os esforços são direcionados para apagar incêndios, comprometendo a evolução estratégica do produto.

Como lidar com o WoLF:

É necessário identificar as reais causas do WoLF, ele tende a ser um sintoma de problemas como débitos técnicos, falta de boas práticas na gestão de QA ou problemas de comunicação internos. 

Após resolver as situações que estão gerando o WoLF, você deve levar os aprendizados para reuniões como post-mortem, retrospectiva e/ ou mesmo revisão de sprint, começar a mapear a frequência de situações do WoLF e elaborar um plano de gestão dessas ocorrências, buscando mitigá-las para ser possível avançar com a entrega de valor do seu produto.

O RHiNO - Really High-value New Opportunity

“Mas é só um botãozinho ali, em quanto tempo você entrega?”
— Stakeholder para o time de desenvolvimento


O RHiNO ocorre quando pessoas de fora da equipe de produto, como profissionais de vendas e marketing, estão motivadas por uma oportunidade de alto valor, como fechar uma grande venda ou conquistar um cliente. O RHiNO geralmente expressa a ideia de que a inclusão de um recurso específico (uma nova Feature X) pode ser a chave para fechar um negócio importante ou trazer mais receitas para a empresa.

Por que o RHiNO pode ser desafiador:

O RHiNO tende a ser impulsivo e focado em soluções pontuais, desviando a atenção da equipe de produto de problemas mais amplos e necessidades gerais dos usuários.

Ao atender repetidamente às demandas do RHiNO sem considerar o impacto geral no produto, você corre o risco de comprometer a estratégia e a entrega de valor real.

Como lidar com o RHiNO:

É importante que você exerça empatia e reconheça as boas intenções por trás das solicitações do RHiNO. Em vez de abordar cada solicitação do RHiNO como uma solução isolada, você pode estabelecer um relacional de entrega e buscar justificativas que validam a necessidade de desenvolver aquela demanda.

HiPPO - Highest Paid Person’s Opinion

Certamente um dos animais mais difíceis dessa lista, sobretudo para PMs menos experientes. Refere-se à tendência de algumas empresas em dar maior peso às opiniões e decisões de líderes ou executivos mais bem remunerados. 

Até aí tudo bem, o problema é quando isso ocorre em detrimento de dados, evidências ou insights fundamentados, influenciando significativamente as direções estratégicas do produto, mesmo que as decisões tomadas pelo HiPPO não estejam necessariamente alinhadas com as necessidades do mercado.

Por que o HiPPO pode ser desafiador:

O HiPPO pode introduzir viés pessoal, preferências individuais e decisões baseadas em intuição em detrimento de uma abordagem mais orientada por dados. Ao priorizar as opiniões do HiPPO sem questionamento, você corre o risco de ignorar valiosos insights da equipe de produto, clientes ou dados de mercado.

Como lidar com o HiPPO:

Em vez de simplesmente discordar ou desconsiderar as opiniões do HiPPO, busque envolvê-lo no processo de tomada de decisão, apresentando argumentos embasados e evidências concretas.

Você deve educá-lo sobre a importância da validação de ideias, promover testes e experimentação, e demonstrar os benefícios de uma abordagem orientada por dados.

ZEbRA (Zero Evidence But Really Arrogant)

ZEbRA é um tipo de pessoa que toma decisões com base em sua própria intuição ou opiniões, sem qualquer fundamentação em dados ou evidências. Os ZEbRAs tendem a nutrir uma confiança excessiva na sua própria experiência, desconsiderando tendências de comportamentos das user personas e análises objetivas.

Por que o ZEbRA pode ser desafiador:

Os ZEbRAs podem tomar decisões precipitadas e infundadas, levando a soluções que não atendem às necessidades reais dos clientes ou que não são sustentáveis no longo prazo.

Como lidar com o ZEbRA:

Similarmente ao HiPPO, em vez de confrontar diretamente a arrogância de uma ZEbRA, apresente argumentos embasados, demonstre a importância de fazer validações enquanto promove um diálogo construtivo. Pois é, ninguém disse que o trabalho de PM era fácil.

Gestor Gaivota (Seagull Manager)