O que o algoritmo do Twitter nos ensina sobre produtos de User Generated Content

A lógica de algoritmo enfatiza a importância de filtrar conteúdo, justificando o foco em engajamento. Neste post, apresento o caso real de um produto de UGC que liderei e aponto alguns caminhos para sua evolução

O que o algoritmo do Twitter nos ensina sobre produtos de User Generated Content
Photo by Christian Lue / Unsplash

Quem trabalha com produtos de interação social muito provavelmente deve ter dedicado um tempo para analisar o algoritmo de recomendação do Twitter, divulgado para o público no último 31 de março.

Redes sociais precisam de algoritmos para exibir conteúdo porque, do contrário, não despertariam interesse nos usuários.

Alguns podem reclamar que o Twitter ‘se perdeu’ ao tirar a possibilidade de receber os conteúdos do feed do mais recente para o mais antigo. Com a aba “For You”, a rede social focou em entregar conteúdos mais relevantes com base na interação do usuário - algo que as redes sociais da Meta já utilizavam como padrão há um bom tempo.

Em resumo, o algoritmo do Twitter contempla conteúdos dos seus amigos, de interações que os seus amigos realizam, além de trazer conteúdos de perfis relevante de ‘comunidades’, como News, Pop, Futebol, NBA, entre outros, com conteúdos de famosos ou contas que possuem alto engajamento dentro desses nichos.

Fonte: Twitter Blog

Vale muito a pena ler com calma a explicação do Twitter no blog oficial - que conta até com repositório no GitHub.

User Generated Content na prática

Claro que o Twitter é um produto maduro o suficiente para ter serviços apartados que, em conjunto, definem o que chamamos de algoritmo da rede social.

Sua lógica foi construída a partir do comportamento observado dos usuários dentro dos parâmetros do próprio Twitter.

Tive a oportunidade de atuar como Product Manager de um produto que tinha a proposta de feed dentro do nicho de mercado financeiro. Não era bem uma rede social, mas um produto User Generated Content (UGC), que acaba sendo mais abrangente: você tem uma estrutura que permite as pessoas produzirem conteúdo para outros produtores ou meros observadores.

Entre os produtos que seguem esse modelo temos Wikipedia, Stack Overflow, Quora, YouTube, Reddit… As redes sociais, como Twitter, Instagram, Facebook, também seguem o modelo UGC.

O livro Lean Analytics (Alistair Croll & Benjamin Yoskovitz) resume muito bem esse modelo:

“Este modelo é focado na criação de conteúdo de qualidade, o que significa não apenas posts e uploads, mas votações, comentários, marcação de spam e outros tipos de atividades consideradas valiosas. UGC é sobre a quantidade de bom conteúdo versus o mau conteúdo, e o percentual de usuários que são observadores vs. ‘creators’. Trata-se de um funil de engajamento semelhante aos funis tradicionais de e-commerce - mas, em vez de seguir com os prospects para a compra, você está constantemente tentando mover sua comunidade para níveis cada vez mais altos de engajamento, tornando observadores em votantes, votantes em comentaristas, e assim por diante”.

Desigualdade de participação em produtos UGC

Produtos UGC têm um padrão semelhante a uma pirâmide - chamada de “Desigualdade de participação”, que segue a regra 90-9-1:

  • 1% dos usuários usam bastante o produto e geram conteúdo de valor;
  • 9% dos usuários contribuem às vezes;
  • 90% dos usuários são considerados ‘observadores’.