Product Managers são solitários. Ouvindo isso, sempre lembrava-me dessa frase:
“Quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza vai mais longe”.
- Clarice Lispector -
Será que realmente é necessário ser solitário?
Minha trajetória. Uma Gerente de Projetos em Produtos Digitais
Migrei da área de projetos para produtos, com isso, eu trouxe alguns vícios da minha rotina, como por exemplo, a responsabilidade de controlar recursos técnicos e pessoas (nunca chamei pessoas de recursos), planejar prazos, reportar entregas e ter muita, mas muita preocupação com o custo de cada coisa.
Sei que algumas responsabilidades são bem parecidas com a área de produtos, mas nos projetos em que trabalhei, eram principalmente realizados por consultorias de TI, modelos “body shop” de trabalho, projetos fechados de implantação e pós, de produtos maduros, onde eu estava do lado como consultoria, e em outros lugares, eu era um time interno de projetos que contratava o serviço.
Nesses contextos, eu tinha uma relação muito distante das pessoas, pois praticamente eram consultores que prestavam serviços. Minha maior preocupação era com a satisfação do cliente e o pagamento do projeto (realidade).
No mundo de projeto, tudo é bem dividido, principalmente porque as consultorias trabalham com várias frentes de negócio, que são precificadas de diferentes formas, onde muita grana é envolvida.
Quando comecei em produtos digitais, comecei errando muito.
Queria ter esse mesmo controle sozinha, principalmente as competências de: UX, Negócios e Tecnologia, que em 2017 eram as disciplinas que eu aprendi em minha migração de carreira.
Sentia-me altamente cobrada em saber de tudo. Fiz cursos de UX, programação e estudei sobre liderança de pessoas. Mas e “negócio”? A responsabilidade de conhecer o negócio de uma empresa requer trabalho em equipe!
Consigo lembrar exatamente como me senti, quando percebi que eu não sabia muito sobre o negócio da empresa, e precisava de ajuda de outras pessoas. Então decidi mudar!
Parcerias iniciais de ouro, no dia a dia de um product manager
Time comercial e Customer Success
Estar com o cliente era meu fator de confiança. Em projetos, eu já estava acostumada a lidar com situações boas e péssimas de relacionamento, então aqui era minha zona de conforto. Posso afirmar que me aproximar diariamente das áreas de comercial e customer success (ou atendimento ao cliente como você pode conhecer), foi importantíssimo para reconhecer limitações e falhas do produtos no mercado, e também trouxeram oportunidades desafiadoras e promissoras para o negócio, onde o olhar de um PM é fundamental para viabilização ou inviabilização.
O Product Designer
O desafio era construir um produto do zero, e aqui o conhecimento da disciplina de experiência do usuário, é usada fortemente. Como Product Manager, cheguei a fazer inúmeras entrevistas com usuários, visitas em campo e entendimento da dor. Mas quando me aproximei de um Designer, minha forma de pensar se expandiu milhares de vezes, e pude reconhecer sua importância ao meu lado.
Cocriamos, rabiscamos sozinhas, com o time e com os usuários. A produtividade evoluiu muito, e logo finalizamos a primeira versão do produto. Houveram dias em que, por motivos de volume de demandas, a pessoa designer precisou ajudar em outros times, mas mesmo assim, nela encontrei alguém para dividir minhas dúvidas de negócio, em uma posição nem acima nem abaixo da minha, mas de igual para igual, e sem julgamentos.
Em produtos de interface, ou técnicos, é possível trabalhar em conjunto com um Product Design. Seja na experiência da pessoa desenvolvedora, documentação do seu produto API, melhorias ou inovações.
Então, se por algum motivo a sua relação com um PD está abalada, ou nem existe, mude isto. Invista na sua boa relação. Talvez seja a hora de sair um pouco da sua zona de controle, e começar a ouvir este profissional tão importante para o produto.
O Tech Lead
Essa figura não tem noção do quanto é importante para nós, PMs. Os Tech Leads com quem eu tive o prazer de trabalhar, eram apaixonados pelo o que faziam. Amavam codar, ajudar e ensinar o time nos desafios do produto.
No começo da minha carreira, lembro de procurar o Tech Lead quando o calo apertava. Quando, no meu contexto, éramos cobrados por estimativas e desempenho do time, ou até mesmo, pela contratação de pessoas desenvolvedoras.
Hoje, posso afirmar que o Tech Lead é uma das primeiras pessoas que eu procuro ouvir logo quando chego em um ambiente novo de trabalho. Para mim, este profissional traz transparência sobre a realidade técnica do produto, e apesar de colocar meus pés no chão muitas vezes, também foi a pessoa que mais comprou as oportunidades de produtos que construímos. Suas palavras, mesmo que poucas, traziam confiança e direção para o time e para mim, em momentos de grandes desafios técnicos. Sua criatividade, hackeava dificuldades e tornava simples a solução de muitos problemas complexos. Vocês são essenciais não só para o time, mas para nós PMs.
Em alguns momentos, precisei trabalhar sem um PD dedicado ao time, e um Tech Lead que na verdade era um desenvolvedor sênior. Posso afirmar que, todos os trabalhos que realizamos juntos e focados foram bem sucedidos.