Atuo com Gestão de Produtos desde 2018 e, naquele tempo, o buzzword em cima de pessoas gestoras de produtos era bem menor (assim como os salários). As oportunidades de trabalho eram mais escassas e, ao participar de qualquer processo seletivo, algumas frases eram comuns nos anúncios das empresas:
- Temos uma cultura de Produto forte e em constante evolução;
- Nossa cultura de Produto é incrível;
- Vivemos diariamente uma cultura de Produto única.
E assim por diante.
Eu me recordo que, na época, isso trazia a impressão de que aquelas eram empresas “descoladas”, “modernas”, “que estavam acompanhando as tendências do mercado”.
Como tudo mais na vida, muitas vezes, a propaganda é bem diferente da realidade.
Na empresa que atuava como Product Manager em 2018, estávamos trabalhando fortemente na construção da nossa cultura de Produto. Vivenciar e fazer parte daquilo foi fundamental para minha carreira e amadurecimento como PM.
Atualmente, enquanto líder de Produto, aceitei o desafio de ajudar uma empresa a migrar de uma visão projetizada para uma atuação mais aderente ao que o mercado entende como “cultura de Produto”.
Mais uma vez, é uma experiência valiosa. Com alguns altos e baixos, é verdade, mas que tem me permitido aprender demais sobre Gestão de Produtos, Pessoas e Negócio.
Em dois artigos, trarei alguns dos meus aprendizados nesta jornada.
Cultura de Produto não é “propriedade” da área de Gestão de Produtos
Eu comecei na indústria de Tecnologia na área de Customer Success. Isto pavimentou a percepção de Negócio e Produto que tenho hoje.
Enquanto CSM eu não atuava com Gestão de Produtos,mas ali, eu já vivenciava um pouco do que é cultura de Produto.
Acompanhávamos a Jornada do Usuário, entendíamos os critérios de sucesso em cada etapa e ajudávamos a construir o entendimento do problema que a usuária esperava resolver através da nossa solução.
E isso era feito em parceria com Comercial, Suporte e… time de Produto!
Sou bastante crítica quanto a glamourização da Gestão de Produtos, pois isto facilmente pode enveredar por um caminho de “propriedade” dos conceitos que estudamos e aplicamos no dia a dia.
Estes conceitos - e a cultura de Produto - não são “do time de Produto” ou “dos Product Managers”.
É muito importante que toda a empresa esteja comprometida com o propósito de construir esta cultura, pois para isto dar certo, as áreas passarão a trabalhar cada vez mais próximas e imbuídas no mesmo propósito:
Criar um Negócio sustentável, que traga valor para o Cliente e pela Empresa, por meio de um Produto valioso, útil e factível.
Olhando por esta ótica, fica claro que a cultura de Produto não existe para criar uma obrigatoriedade de uso de frameworks e metodologias. Tudo isso é ferramenta. Na mesma linha, o time de Produto não se torna mais importante quando se tem uma cultura de Produto.
A cultura de Produto surge como um facilitador para a perenidade do Negócio através do Produto. E é por isso que mudamos o foco: da entrega de funcionalidades (vazão) para a resolução de problemas (valor) e sustentabilidade do negócio (faturamento e engajamento).