Esses dias, entrei num editor de vídeos online para experimentar a versão premium. O editor tinha dois públicos-alvo bem definidos: o editor “individual”, que usaria o produto para criar vídeos para Instagram com o objetivo de produzir conteúdo, e a edição em grupo, voltada para pequenas e médias equipes de marketing.
Devo admitir que não consegui passar 15 minutos utilizando o produto e acabei abandonando-o pela dificuldade de entender e encontrar o que eu precisava fazer, o que é algo frustrante, visto que a primeira ação que fiz após me cadastrar foi responder qual tipo de perfil de usuário eu era.
Eu esperava conseguir fazer o que eu gostaria de fazer com poucos passos e de maneira simplificada, visto que eu "falei" para o produto que eu era uma usuária individual e que eu só gostaria de criar vídeos simples para Instagram.
Apesar do editor ter uma boa prática de identificar de antemão o perfil do usuário que está entrando ali pela primeira vez, visto que ele tem mais de um público-alvo, ele falhou em construir uma experiência de usabilidade simples que me permitisse perceber valor o mais rápido possível. O resultado não foi outro, churn imaturo.
O seu produto não atende todo mundo
É certo que o seu produto não atenderá todos os públicos, mas, se ele atender mais de um público, é crucial definir claramente para quais deles você está criando uma nova funcionalidade.
Nem todas as funcionalidades são desenvolvidas para atender a todos eles simultaneamente — e é exatamente essa parte, tão fundamental na documentação de uma funcionalidade, que muitas vezes é negligenciada pelos PMs.
O problema de generalizar o público-alvo em sua documentação de produto é que características específicas de diferentes públicos alteram significativamente a maneira como você precisa implementar a(s) funcionalidade(s).
Deixar claro na documentação e nas discussões com o time, permitirá que os designers criem experiências adequadas e personalizadas para atender às necessidades de cada público. Eles também conseguirão segmentar melhor a interface do produto, inclusive e fundamentalmente, o onboarding dos usuários, o qual é um dos momentos mais críticos para a adoção de um produto.
Segmente as funcionalidades do seu produto
Tomemos como exemplo o Notion. Ele tem claramente alguns públicos alvos: times que querem trabalhar colaborativamente, indivíduos que querem organizar melhor sua vida e suas tarefas e para estudantes que querem um espaço para guardar e organizar tudo o que estudam.
Ao criar uma conta, você passa pelo onboarding que tem a seguinte tela