Será que existe apenas um caminho para a formação na área de Produtos? Como as instituições tradicionais se encaixam nessa trilha? O que é preciso para se tornar um PM?
Bem, essas são só algumas de muitas dúvidas que rondam aqueles que desejam buscar sua formação na área de Product Management.
Além delas, ainda tem aquela grande questão a respeito das certificações versus habilidade.
Olha, tem tanta coisa para falar sobre o assunto que eu procurei sintetizar para que este artigo não se tornasse uma série.
Vamos lá?
Formação na área de Produtos: preciso de certificados?
Para começar, vou ser bem direto naquilo que acredito, ok?
Você não precisa tirar certificados para ser um PM.
Mas por que não?
Sem dúvida nenhuma, eu sou contra a indústria da certificação.
Isto é, eu não sou a favor de uma CertiProf da vida que, literalmente, te vende uma badge se você passar em um teste online.
Não sou a favor também da tese de que apenas um título garante a experiência para determinada função.
Eu defendo a ideia do certificado como consequência do aprendizado.
Isto é, você faz um treinamento para adquirir conhecimento e recebe o documento como comprovação.
O que vale mesmo, no fim das contas, é o que você aprendeu.
Gosto da ideia de você fazer um curso legal de Product Management, Métodos Ágeis, Design, Dados e Negócios e ao terminá-los você recebe sim um certificado.
E no mercado, com a aplicação das técnicas aprendidas e com a experiência que o tempo entrega, você desenvolverá as habilidades.
Aliás, há uma diferença gigante de conceitos entre Habilidades e Skills. Skill é o que você aprende no curso, é a técnica. A habilidade vem com o tempo. Quanto mais você faz algo, mais você treina e treinando você se torna uma pessoa habilidosa.
Monte um Backlog e faça um curso regularmente revezando entre os temas.
Formação na área de Produtos: estudar por conta própria?
Sem dúvidas, estudar por conta própria é um dos caminhos mais importantes para se tornar um PM.
O aprendizado autodidata pode suprir as demandas do seu desenvolvimento sem que você dependa de um curso ou treinamento.
Livros, blogs, podcasts, vídeos, etc…
A internet está cheia de conteúdo útil e relevante que fornecem ensinamentos valiosos.
No entanto, o que é mais difícil nesse caso é a descentralização do conteúdo e a falta de curadoria.
Ou seja, o grande desafio é escolher o que estudar e por onde começar.
Por isso, ter orientação sobre o que procurar pode ajudar.
Mas tenha cuidado com o viés.
Ele será inevitável quando você receber recomendações de alguém.
Para minimizar esse impacto, procure variar os seus estudos, olhando para o lado oposto, a fim de que sua visão se amplie e ganhe o mundo.
Formação na área de Produtos: instituições de ensino tradicionais?
Aqui, sim, eu tenho muitas ressalvas.
Não que as instituições de ensino tradicionais não prestem, mas elas não são decisivas na formação de uma pessoa de Produtos.
Para começar, a graduação de um profissional de Produtos pode ser em qualquer área.
Geografia, Biologia, Administração, Direito, Filosofia, etc.
É claro que cada uma dessas formações fornece uma lente para ver o mundo e seu público.
E, em alguns casos, pode ser um atalho para que você entre em uma empresa de determinado ramo. Por exemplo, se formar em direito e trabalhar em uma LawTech.
Mas, não, elas não são decisivas.
Além disso, a graduação tem sido menos requisitada pelo mercado, embora eu não acredite que isso, finalmente, deixe de ser uma exigência tão depressa.
Agora, falando sobre o MBA, minha recomendação é apenas em casos muito especiais.
Como, por exemplo, para a especialização de um segmento específico ou que você queira conhecer.
Geralmente é aí que há grande valor.
Simplesmente fazer um MBA em uma instituição famosa para ter o “selo” eu não valorizo. Sei que muitas empresas e startups valorizam sim, mas eu acho que isso é contra produtivo e pouco diverso.
Se você quiser saber um pouco mais sobre o que eu penso de MBAs pode conferir esse artigo que escrevi no LinkedIn: https://www.linkedin.com/pulse/mba-7-motivos-para-voc%C3%AA-pensar-antes-de-fazer-um-alex-ivonika/
Formação na área de Produtos: a importância dos treinamentos
Agora, sim, o que vale a pena fazer: os treinamentos.
Os treinamentos podem até fornecer certificados de conclusão, mas o grande valor, para mim, é o conhecimento adquirido nessa jornada.
Além disso, eles representam um ótimo atalho para expandir o networking e ganhar vocabulário na área. E a aquisição mais veloz daqueles skills (hard) que falei acima.
Servem para saber quais são os assuntos quentes e fazer a tal da reciclagem que tanto falamos.
Inclusive, infeliz é aquele que chega em um determinado momento da vida e não faz mais cursos ou treinamentos porque acha que será mais do mesmo.
Ainda mais trabalhando com tecnologia (e Produtos é tech).
É claro que você pode caminhar de maneira independente, mas é sempre bom potencializar o aprendizado com os treinamentos.
Por isso, uma alternativa eficiente é combinar os estudos por conta própria com treinamentos que ajudem a estruturar a sua linha de formação.
Ah, e antes que eu me esqueça, cuidado com aquela balança subjetiva sobre “será que determinado curso vale a pena”?
É claro que as pessoas devem levar em conta a situação financeira, mas nenhum curso é igual ao outro e você sempre sairá melhor do que entrou se realmente se concentrar e ir de coração aberto para aprender.
Sugiro inclusive que você faça uma reserva financeira mensal. E invista essa reserva periodicamente (sugiro a cada 3 meses) fazendo um novo curso com aquela reserva.
Conclusão
O profissional de Produtos pode ter qualquer formação acadêmica ou até mesmo não ter.
E eu não descarto a importância de uma formação com cursos da área por mais que existam formas autodidatas de aprender.
A verdadeira formação de uma pessoa de Produtos é constante e pode ter várias vertentes.
Não há uma trilha única.
No entanto, planejar a carreira e construir uma formação com regularidade é importante.
Se quiser dicas de como planejar a carreira, você pode conferir esse artigo que escrevi para o blog da escola Awari: Cuide da carreira como você faz produtos.
Vivemos em um mercado dinâmico, onde novos conceitos são apresentados o tempo todo.
Conhecer essas técnicas para avaliar se serão úteis no seu contexto pode te alavancar profissionalmente e te fazer produzir resultados melhores.
Além disso, é importante que você esteja presente nos eventos, meetups e plataformas da comunidade.
Isso é muito rico e a melhor fonte de conhecimento e networking legítimo.
Para entrantes na área, esse networking será a chave do seu sucesso na busca por uma oportunidade.
Muitas empresas ainda valorizam os currículos com selos das universidades bacanas. Então, avalie a empresa em que você está se candidatando e busque um atalho pelo networking construído nos cursos da área e eventos.
De fato, se você se candidatar friamente pelo LinkedIn sua avaliação será fria também. Nesse sentido, a pessoa avaliadora irá bater requisitos e confrontar entre candidaturas.
Também acredito que desenvolver um projeto pessoal, ter ele como case e mostrar os resultados com técnicas de produtos que você utilizou também é uma forma de suprir esse selo oficial.
Por fim, não acredite no PM unicórnio, na barra alta ou no Dream Team.
Palavras têm significado, têm poder.
Quando falamos em “Dream Team”, por exemplo, nós excluímos a possibilidade de acolher pessoas menos experientes.
Daí, não criamos programas de formação, não somos diversos. Nos fechamos em nossa micro bolha.
Criamos uma barra invisível que só é atingível por aqueles que nós consideramos iguais.
E quem foi que disse que tem uma competição em curso, em que as pessoas precisam “superar” uma barra alta?
Numa competição só um ganha e todos os outros perdem?
Por que precisa ser assim? Pense nisso!