Duolingo Handbook: um grande manifesto para gestão de produtos

Duolingo is the new Spotify

Duolingo Handbook: um grande manifesto para gestão de produtos
Photo by ilgmyzin / Unsplash

Prevejo que estamos diante de um manual que se tornará uma referência, à semelhança do Manifesto Ágil (2001), dos 16 Princípios de Liderança da Amazon (2002) e do Modelo Spotify (2012).

Cada um desses marcos se consolidou em suas respectivas áreas, mas o Duolingo Handbook (2025) se destaca em fornecer um guia robusto e essencial para quem deseja gerenciar e criar produtos. Precisa estar embaixo do sovaco de qualquer produteiro.

1.

No meu primeiro ano de Unicamp, o professor de Engenharia de Software chegava à sala abrindo as janelas, conectava seu notebook à tomada e retirava um baralho. Silêncio total, mas eu o observava atentamente: o que ele iria propor dessa vez?

Certa angústia era tomada com uma ansiedade previsível: então um bom dia compacto era dito e em seguida as cartas eram retiradas da sua mochila azulada e distribuídas uma a uma aos seus quarenta alunos, temerosos pelo desafio que, no máximo em uns 3 minutos, seria mostrado: construir um produto minimamente viável em 4 horas de aula. Loucura? Na época, a maior de todas.

Hoje vejo a existência de uma loucura sábia. 

Cada grupo tinha um líder que, conscientemente, se referia a um Product Manager. Além dele, uns 4 a 5 desenvolvedores, 1 a 2 pessoas que ajudavam com testes e criação de diagramas de arquitetura, 1 a 2 pessoas que cuidavam da apresentação.

Em números menores ou maiores de alunos, dadas as circunstâncias (às vezes até de desistência da disciplina), criavam-se times com objetivos em comum: levantar o desafio em uma solução. Quando, enfim, terminava, lembro de ser acossado por uma vontade de fazer mais. Porém, não mais naquela aula, não mais naquele dia.

Ao longo do semestre, testamos algumas metodologias ágeis, como o Extreme Programming (XP), o Pair Programming (dois desenvolvedores alternando e revisando o mesmo código) e Scrum até o dia em que houve uma aula inesquecível: squads no modelo Spotify.

Tribos, chapters e guildas eram conceitos novos, mas, conforme ele os explicou, só fui os entender assim que ingressei no Itaú em 2022. Ainda de pé, o meu professor de engenharia de software em 2019 parece sussurrar suas sábias palavras: “nos próximos anos, vocês construirão sistemas em squads/times”. Não errou em nada. 

2.

Porém, é insuficiente apenas uma metodologia dentro de uma empresa. É necessária uma adoção cultural que seja evidenciada às pessoas que constroem produtos. O que quero dizer? Já chego lá, mas veja: o Duolingo surgiu em 2009, como uma ideia simples, mas revolucionária: democratizar o aprendizado de idiomas.

De um projeto acadêmico entre professor e aluno, a plataforma se expandiu rapidamente, adotando a gamificação para manter os usuários engajados. Introduziu o Duolingo English Test, uma alternativa mais acessível aos tradicionais exames de proficiência.

Até 2019, a empresa já contava com mais de 300 milhões de usuários e, com a pandemia, esse número disparou ainda mais. Sua capacidade de expandir não parou no ensino de idiomas; a plataforma começou a oferecer também Duolingo Math e Duolingo ABC, ferramentas educativas que atingem diferentes faixas etárias e necessidades.

Em 2023, já contabilizava 80 milhões de usuários ativos mensais e se preparava para lançar novas inovações. Só em 2025, o Duolingo deu um passo significativo ao lançar o Duolingo Handbook – um marco na gestão de produtos, com a missão de oferecer a melhor educação do mundo e torná-la universalmente disponível.

Por isso, sem pessoas, seria impossível ser o que o Duolingo é hoje. 

3.