7 lições de Gestão de Produto que aprendi com a série Silicon Valley (HBO)

A ficção que é muita realidade

7 lições de Gestão de Produto que aprendi com a série Silicon Valley (HBO)
Photo by Tyler Casey / Unsplash


Silicon Valley é uma das minhas séries preferidas. Já faz um bom tempo que a última temporada foi ao ar, mas ainda assim ela permanece bem atual quando se trata de startups. Na época em que eu acompanhei a série, encontrei inspiração na atmosfera startupeira inventiva que nós imergimos como espectadores ao acompanhar as desventuras de Richard e seus companheiros da Pied Piper em meio às excentricidades do Vale do Silício. 

A série possui muitos insights sobre gestão de produtos de software, por isso, separei aqui de forma não cronológica sete momentos memoráveis da série com insights sobre de gestão de produtos. Espero que você aprecie.

1. Jared Dunn aplicando o Scrum na Pied Piper

No episódio 5 da primeira temporada de Silicon Valley (Signaling Risk), a Pied Piper enfrenta uma série de desafios técnicos e gerenciais ao tentar avançar com o produto da plataforma de compressão de dados.

Richard e sua equipe enfrentam a difícil tarefa de otimizar a velocidade do algoritmo e, enquanto eles se concentram em buscar uma solução sob o viés técnico, Jared Dunn, o então Diretor de Operações, demonstra a importância de adotar o framework Scrum para melhorar a eficiência do trabalho e a comunicação entre o time.

Então Jared introduz os conceitos daquilo que é praticamente a base do Scrum, que é a colaboração e o gerenciamento iterativo de projetos, dividindo o trabalho em pequenas tarefas que podem ser entregues em ciclos curtos conhecidos como Sprints.

Apesar da cena cômica, Jared demonstra como abordagens ágeis como o Scrum podem trazer benefícios até mesmo para a caótica Pied Piper por meio de seus princípios básicos:   

1) Transparência: todos os membros da equipe tomam conhecimento do progresso do projeto, impedimentos e objetivos compartilhados. Isso ajuda a evitar mal-entendidos e melhora a comunicação na equipe. 

2) Autogestão: de certa forma, a equipe (os competentes, porém problemáticos Dinesh e gilfoyle) a se tornar autogerenciável, com os membros assumindo responsabilidades e colaborando para alcançar os objetivos comuns. 

2. Richard Hendricks enviesando o Product Discovery

Essa é uma das minhas sacadas favoritas de produto da série. No episódio 9 da terceira temporada (Daily Active Users), Richard e sua equipe estão enfrentando um dilema clássico da gestão de produtos: após o lançamento de sua plataforma de compressão de dados o número de downloads cresceu exponencialmente; em contrapartida, o número de usuários ativos permaneceu extremamente ridículo. Ou seja, os usuários não estavam utilizando o aplicativo após os primeiros acessos (alguma semelhança com o Threads?).

Richard então passa a acreditar que o problema se trata apenas de um bug técnico. Após alguns diálogos com Mônica, Richard e Jared resolvem contratar uma agência especializada para fazer estudos com grupos focais. Durante a fase preliminar de testes beta, Richard havia enviado o MVP por e-mail apenas para engenheiros de softwares de sua network, que haviam lhe dado feedbacks muito bons; no entanto, para usuários comuns o produto se mostrou com usabilidade confusa e proposta de valor pouco percebida, ao ponto de Richard ter que elaborar palestras sobre como utilizar o produto e para que ele servia.

Ao não considerar os vieses de seu teste preliminar, Richard permitiu que a sua confiança no desempenho técnico do produto o cegasse para a verdadeira percepção dos usuários finais. Essa falta de consciência de um produto user centric desencadeou resultados ruins na métrica de usuários ativos da Pied Piper. Uma baita lição para Product Managers sobre expectativas e necessidades dos usuários.

3. Epifania de Richard e pivotagem para uma Web3.0

No episódio 4 da quinta temporada (Tech Evangelist), Richard Hendricks e seu time enfrentam um dilema quando percebem que a sua proposta de valor com o algoritmo de compressão para streaming não está alcançando o sucesso esperado no mercado.

Diante de tal problema, Richard, que aparentemente havia abandonado a sua ideia, resolve criar um novo produto a partir do algoritmo da Pied Piper. Após um momento de epifania solitária no muquifo/incubadora do Erlich Bachman, ele resolve adaptar a ideia de compressão de dados para a criação de uma internet totalmente descentralizada. Nesse aspecto, Richard demonstra a importância de ser flexível e adaptável, mesmo que você acredite firmemente em sua ideia inicial, já que para um Gestor de Produto é fundamental reconhecer quando as coisas não estão dando certo e estar disposto a mudar de direção para atender às necessidades do mercado.

Pivotar não é apenas a resposta a uma falha; é também uma oportunidade para gerar inovação. Assim, Richard aproveita a mudança de direção para criar algo ainda mais ambicioso — uma internet descentralizada. Isso retrata a importância de se ter um mindset aberto para pivotar e como isso pode abrir novas possibilidades e oportunidades de crescimento.

Uma grande sacada que podemos tirar desse episódio é que ao pivotar, Richard não desperdiça todo o aprendizado e trabalho feito no algoritmo de compressão. Na verdade, ele usa o conhecimento adquirido com o produto anterior para melhorar a abordagem do novo produto a ser desenvolvido.


4. O Pitch fracassado de Richard a Peter Gregory