Não é segredo que a área de produtos é caracterizada por uma multiplicidade de definições e escopos. Por isso, é importante que a pessoa de Produto tenha plena ciência dos desafios e oportunidades referentes ao tipo de produto no qual se está atuando.
Para ajudar na compreensão desse tema, trouxe algumas definições com base no livro Cracking the PM Interview. Tomei a liberdade de traduzir livremente e adaptar as definições do livro para o contexto atual, já que muitas dessas definições possuem contextos datados, como venda de software em DVDs (é nessas horas que os millenials gostam de estufar o peito para proclamar seus pioneirismos no desbravamento da internet rsrs).
Organizei as classificações sob forma de três díades: Software sob demanda vs Software online, Produtos de consumo vs Business-to-Business e Produtos Early Stage vs Produtos maduros. Além disso, busquei trazer contribuições próprias ao apresentar uma tabela comparativa de cada tipo de produto na parte final do artigo. Boa leitura!
Software sob demanda Vs Software Online
Software sob demanda
Referente a produtos desenvolvidos sob demanda para um contratante, tipicamente o modelo de negócio de software houses. Esse tipo de produto geralmente possui timelines maiores e os esforços do PM tendem a ser nas especificações, uma vez que as definições de features seguem uma estrutura mais formal e linear.
Aqui as skills de gestão de projetos e coordenação entre times entram em evidência, sendo ideal para PMs com perfil comunicativo e que buscam equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, pois, por não serem produtos lançados ‘ao mar aberto’, os produtos sob demanda tendem a não ter bugs urgentes que precisam ser corrigidos em poucas horas (a menos que o time também seja responsável pela manutenção, mas essa é uma outra história). Mas não pense que tudo são flores, pois você terá que negociar constantemente com stakeholders.
Esse tipo de produto pode ser a terceirização de uma demanda específica como parte de um sistema ou API (Application Programming Interface).
Software online
Nos produtos de software online as atualizações são constantes. Aqui, ao invés de se esperar pelo produto perfeito, os times geralmente lançam o produto e veem como os usuários se comportam diante dele. Práticas de experimentação como testes A/B e testes multivariados são empregados com frequência.
Num teste A/B, é liberado um novo recurso para uma porcentagem de usuários, divididos pelo grupo experimental (exposto ao recurso em teste) e o grupo de controle. Depois disso, os resultados do experimento são comparados a fim de se verificar se houve alguma otimização da experiência com o novo recurso. Uma característica do teste A/B é que nele é testada apenas uma mudança por vez.
Como as empresas de software online tendem a coletar maiores volumes de dados, é importante o PM possuir skills de análise de dados e conhecimento em experimentos de usabilidade. Além disso, há momentos em que se trabalha sob bastante pressão, já que servidores podem falhar ou podem aparecer bugs que exigem que o PM precise tomar decisões rápidas.