Já acessou o Linkedin de alguém e pensou: Nossa, que currículo perfeito!!!
Há um tempo atrás estava conversando com uma amiga, falando sobre trabalho, pessoas de referência e como em alguns momentos sentimos que estamos longe de ser referência ou ter um currículo como de fulana ou sicrana, o sentimento é que as demais pessoas estão muito à frente e bate aquele sentimento que nunca teremos aquele gabarito todo.
Não sei se você já se sentiu assim, mas muitas vezes eu me sinto desta forma.
Parece que não sei o suficiente, não tive educação em todas as melhores escolas, que o currículo dos outros são bem melhores, que trabalhei em produtos legais, mas nem tanto como o outro, que não sei mil conhecimentos e que o que sei é pouco.
E nessas horas que este medo me invade, paro para entender a mim e refletir sobre a minha pessoa, sem olhar para o lado, olhando apenas a mim mesma.
“Compare-se com quem você era ontem, e não com outra pessoa hoje.”
(Jordan Peterson)
Um mergulho em si
Já percebeu que um maratonista amador não está na prova para vencer os demais competidores, mas sim para ultrapassar e superar a ele mesmo. Bem, é assim que procuro me ver, como uma maratonista amadora.
Sendo assim, procurei algumas formas de me entender, enxergar meus pontos fortes e as minhas fraquezas, descobrir no que preciso atacar agora, ver no que sou boa e deve ser meu destaque. Então, peguei meu conhecimento de administradora e decidi fazer uma matriz SWOT de mim mesma.
Se essa matriz pode ser usada para avaliar empresas, por que não para mim?
O interessante é que há uma avaliação interna com suas forças e fraquezas, e avaliações do ambiente externo com o olhar sobre as oportunidades e ameaças que te cercam. Assim você consegue ter um panorama de como está, o que pode aproveitar de melhor em você para alcançar suas metas e abraçar oportunidades, e também avaliar o que não está tão bom e se há fatores que requerem atenção e cuidado e até itens blocantes.
Além disso, acredito que é importante listar e tornar mais palpável suas conquistas e vitórias, não importando o tamanho delas. Se aquilo teve um significado pra você, se te trouxe orgulho e foi importante num momento de sua vida, então anote. Precisamos ter alegria e pertencimento pelo que já conquistamos, pelo que somos e pelo nosso potencial, sem perder um olhar de criança, de ser curiosa e sempre descobrir novidades, de criar, mas ter o sonho de ser melhor do que ontem não precisa desmerecer ou diminuir o que você já conseguiu.
Lembre-se: somos uma maratonista se desenvolvendo e melhorando dia a dia.
E continuamos avaliando
Depois que me avaliei pessoalmente, e consegui identificar o que amo e sou boa, bem como que tipo de situação ou ação me bloqueia e preciso remover da minha vida, é hora de me avaliar em um nível mais específico, no meu caso, como pessoa de produtos.
Então resolvi tirar uma radiografia em nível profissional, para isto levantei algumas categorias nas quais entendo que são importantes para pessoas de produtos e classifiquei cada categoria por nível, de 1 a 10, sendo 1 iniciante e 10 especialista.
Segue a lista das categorias e os pontos que busquei identificar em cada uma das categorias:
- Tecnologia: sql, infra, devops, programação básica
- Dados: métricas de produtos, métricas de negócio, apresentação de dados
- Design: CX, UX, UX research, UI
- Negócio: estratégia, benchmarking, negociação
- Soft Skill: comunicação, liderança, criatividade, inteligência emocional
- Produto: discovery, visão de produtos, construção de backlog e roadmap
Desenhei o radar (tem um template dele adiante) num caderno e pintei cada categoria dentro do nível de conhecimento que possuo e o quanto me sinto confortável em cada tema, com o radar finalizado consegui visualizar minhas áreas mais vulneráveis e pensar se esta é uma categoria para trabalhar agora ou no futuro.
E isso é muito importante, talvez diversas categorias estejam com pontuação média ou baixa, mas isto não significa que precise atuar imediatamente nela, entenda seu momento de vida pessoal e profissional.
Por vezes meu maior foco precisou ser em dados, em como analisar, aprender novas ferramentas de BI, construir dashboard, e em outros momentos aprender mais de discovery, em como conversar com clientes e fazer uma boa pesquisa tinham mais impacto, o valor para meu momento era maior. Então, avalie o seu.
Plano de Aprendizagem
Primeiro, seguindo a linha da Carol Dweck: “acreditar que os talentos podem ser desenvolvidos permite que as pessoas realizem seu potencial”. Não cai na armadilha de acreditar que não pode aprender, se desenvolver e ser um profissional melhor, não se compare com outros, mas use você como régua.
Um mentor meu comentou que faz anotações do que foi aprendendo e estudando ao longo do tempo, que anualmente faz revisão disso e consegue identificar no que melhorou, o que (framework, conteúdos etc) esqueceu e que agora faz sentido ser usado, e como alguns pontos eram difíceis no passado e agora não são mais.
E para Daniel Goleman: “o melhor tipo de plano de aprendizagem ajuda a ressaltar aquilo que queremos nos tornar - nosso próprio ideal -, e não a ideia que os outros fazem do que deveríamos ser. Deve levar-nos a estabelecer padrões significativos de desempenho, em vez de adotarmos um padrão arbitrário, normativo, que pode ou não ser compatível com metas pessoais. Ao preparar metas específicas e manejáveis, funciona melhor se as vincularmos a objetivos que nos motivam e despertam todos os nossos talentos”.
Ou seja, saber que estamos em constante mudanças e que podemos sempre aprender e traçar planos (exemplo: modelo 70/20/10 ou Eu ideal vs Eu Atual) que estejam de acordo com o nosso contexto e com o nosso eu, são peças fundamentais para progredimos.
Amor por si próprio
E por último, mas não menos importante a Dra. Kristin Neff (trecho do livro A coragem de ser imperfeito) fala sobre o amor-próprio e sem ele não temos como nos olhares de maneira verdadeira, corajosa e carinhosa para entender onde estamos e para onde desejamos seguir.
- Generosidade consigo mesmo: dedicar amor e compreensão a si mesmo quando você sofre, falha ou se sente inadequado, em vez de ignorar a própria dor ou se autoflagelar em críticas;
- Humildade: esse sentimento reconhece que o sofrimento e as ideias de inadequação pessoal fazem parte da experiência humana em geral - algo por que todos passam, e não uma coisa que acontece somente a você.
- Consciência equilibrada: abordar as emoções negativas com equilíbrio para que os sentimentos não sejam sufocados nem exagerados.
Todo esse processo de comparação, de olhar para si, de buscar ser uma pessoa e profissional melhor, gera certa ansiedade e dor. Não é fácil reconhecer nossas falhas, nossos pontos críticos, mas nos apegarmos apenas a estes sentimentos não ajuda, precisamos ter amor por nós e por tudo que que passamos.
Lembre é uma jornada, estamos correndo nossa maratona, e a vida é um eterno PDCA, então planeje, faça, realize uma revisão e tome ações para o que precisar. Use a ideia da agilidade em sua vida.
Conclusão
Somos e estamos sempre em mudança, e isso é uma das certezas da vida. Não se compare com outros, não acredite que você não vai ser igual ao seu ídolo ou referência, são apenas inspirações e não marcos absolutos.
Eu e você somos seres únicos, com experiências e vivências próprias, precisamos ter consciência plena disso e planejarmos nosso eu do futuro com base em nós. Que sejamos nossa própria régua de comparação.