O termo Produtos Digitais é um termo que está perdendo muito do seu sentido pra mim, pois remete a uma visão muito estreita sobre algo que é muito maior. Esse termo remete apenas ao pedaço de software que construímos no dia a dia. Tentamos expandir nossa visão dizendo que estamos perto dos usuários, mas essa “desculpa” também não me agrada mais, pois geralmente não temos tempo de falar com os usuários com a frequência, nem com o tempo, nem com a qualidade necessária para conseguirmos extrair informações valiosas. Além disso, o usuário conhece menos do seu produto do que você mesmo. O usuário tem apenas a visão dele, você tem a visão de negócio, do mercado e de todos os outros usuários, incluindo a visão de dados. Contudo, ainda que você expanda sua visão para tentar ter uma aproximação maior com os usuários, você ainda terá uma visão estreita do seu produto.
Entendendo o dinamisco e o novo modelo de negócio
Para gerir um produto, você precisa entender pra onde a empresa caminha. Precisa conhecer muito do mercado e do negócio que você está inserido. E precisa entender como a cultura, o mercado e a necessidade mudam o comportamento e as ações dos usuários. E para que isso aconteça, você precisa entender como funciona os mecanismos dos sistemas dinâmicos que movimentam o mercado e influenciam a sua empresa, e você só consegue fazer isso tendo uma visão de que seu produto faz parte de uma rede de troca de valor é essa rede é formada porque seu produto constrói uma plataforma, possibilitando interação entre os atores, e essa deveria ser sua única responsabilidade de verdade: criar uma plataforma que facilite a interação entre as pontas da plataforma, orquestrando a geração e o consumo de valor que isso proporciona.
No livro Platform Scale, o Sangeet Paul Choudary explica, de forma muito detalhada, como o modelo de negócio baseado em plataforma funciona, além de como esse modelo impulsiona de maneira exponencial das empresas de tecnologia das últimas décadas. O Sangeet é o porta-voz do termo economia de plataforma, que remete a forma com que as empresas de tecnologia se estruturam e se organizam de forma a potencializar a entrega e facilitação de valor e a troca simbiótica de serviços entre empresas e usuários.
O livro poderia ter 100 páginas a menos. Em muitos momentos o autor é redundante nas suas citações e em diversos momentos me deu a impressão de já ter lido alguns trechos. Contudo, o livro é recheado de quotes importantes e estimulantes para quem gosta desse assunto.