O paradoxo da disponibilidade

Um estudo sobre como a disponibilidade constante dos Product Managers prejudica sua capacidade de atuar estrategicamente e tomar decisões mais fundamentadas para o produto.

O paradoxo da disponibilidade
Photo by Marek Pavlík / Unsplash

O Product Manager moderno opera em um paradoxo maluco: quanto mais responsivo ele é, menos tático se torna. Este não é apenas mais um argumento sobre equilíbrio trabalho-vida ou burnout - é uma análise estrutural de como a disponibilidade constante está fundamentalmente minando a capacidade dos PMs de fazer seu trabalho mais valioso.

O livro do Diego Eis sobre desdobramento da estratégia do negócio para produto foi lançado, já leu?

Quando foi a última vez que você trabalhou numa empresa com uma estratégia clara e alinhada, onde todas as áreas e times conseguiam planejar quais seriam as formas de impactar objetivos para gerar resultado? Se você perguntasse "qual é a estratégia da empresa" para três pessoas na empresa, elas responderiam coisas similares?

Compre físico ou digital

A disponibilidade instantânea se transformou em uma virtude profissional quase inquestionável. Respondemos a mensagens em segundos, entramos em reuniões de última hora sem hesitar, e nos orgulhamos de nossa capacidade de "apagar incêndios" a qualquer momento. Esta cultura criou um ciclo vicioso que se auto-perpetua: quanto mais disponível você está, mais as pessoas esperam que você esteja disponível, e mais decisões dependem da sua presença imediata.

Pesquisas da University of California Irvine demonstram que leva em média 23 minutos para retornar completamente ao foco após uma interrupção. Para Product Managers, que enfrentam múltiplas interrupções ao longo do dia, isso representa um impacto significativo na capacidade de manter foco em trabalhos complexos (imagina como esse cenário afeta os Devs).

O problema real não é apenas a sobrecarga de trabalho - é a destruição sistemática do pensamento tático e da performance.

O estado de flow, crucial para trabalho estratégico e criativo, requer períodos ininterruptos substanciais para ser alcançado, conforme documentado por Mihaly Csikszentmihalyi em suas pesquisas. No ambiente atual de trabalho, esses períodos de concentração profunda tornaram-se cada vez mais raros.