No final de 2023, fui ao evento do Product Camp em que encontrei diversas pessoas relacionadas a produtos digitais, pessoas que ocupavam a cadeira de designer, Product Managers, CEOs de empresas de tecnologia, desenvolvedores buscando entender ainda mais o fluxo de trabalho e até mesmo pessoas em busca de migração de carreira.
Em algumas palestras que pude estar presente, tive a sensação de que compartilhava de alguns sentimentos com aqueles que estavam lá, compreendia com detalhes os exemplos que os palestrantes davam, ao ponto de conseguir projetar uma cena muito semelhante vivida por mim.
Em outras situações, chegava a dar um leve sorriso, olhar para quem estava ao meu lado e, quando nossos olhares se cruzavam, nossa reação era algo como “Não é mesmo?! Não é que é assim?!”
Foi aí que me veio o pensamento de que as pessoas que ocupam a posição de Product Manager, ou em alguns lugares, como Product Owner, compartilham de alguns sentimentos muito associados aos obstáculos do dia a dia.
Às vezes alguns mais voltados para a dificuldade de fazer gestão da expectativa dos stakeholders, outros de administrar as demandas do dia a dia e alguns mais em como colocar em produção alguma funcionalidade relevante para o usuário final em tão pouco tempo.
Ao fim do dia, ao olhar esses acontecimentos, você já se fez a seguinte pergunta: será que vou dar conta dessa dinâmica? Será que vou conseguir garantir que todos estarão cientes da evolução de cada parte do projeto? Eu já!
Em 2021, estava atuando como Product Manager de alguns projetos e em paralelo, quando possível, dava suporte na construção da área de Produtos da empresa em que trabalhava.
Os dias foram passando, as necessidades aumentando e a estrutura pedia por uma pessoa que acompanhasse os PMs e POs, uma pessoa que desse direcionamento, sugerisse caminhos alternativos, que desse suporte na carreira, que pudesse estar mais próximo do tático de um projeto. E, foi assim que casou o momento com a oportunidade, e nasceu a minha primeira experiência como Group Product Manager.
Aquela dúvida que bate
A partir daí, eu só conseguia pensar numa coisa, que responsabilidade ser gestora de um grupo de pessoas! Será que eu vou dar conta?
Bom, como GPM, era claro para mim que uma posição como essa, carregava grandes expectativas e um super comprometimento para fazer tudo isso acontecer. O meu desafio inicial foi acalmar a voz que eu ouvia internamente e dizia, como alcançar essas perspectivas? Será que eu vou dar conta?
Instintivamente sempre gostei de ajudar pessoas, de acompanhar o dia, de poder dar sugestões de caminhos alternativos, de poder encorajar e guiar quando necessário. Eu não tinha claro para mim qual seria o meu perfil de liderança, como seria meu relacionamento com as pessoas, afinal, era a primeira vez com essa tarefa.
Respirei fundo e pensei que a melhor maneira de viver, é tentar, então deixar fluir e aplicar na prática coisas boas que vi em meus líderes, evitar reproduzir coisas que não se encaixam com o meu perfil de pessoa, consequentemente, de liderança, parecia um bom jeito de começar.
Os dias foram passando e além das experiências de vida, comecei a colecionar uma série de momentos que gostaria de repetir como líder, outros que gostaria que não acontecessem outra vez e alguns que eu queria aprofundar mais. Foi assim que busquei anotar e criar alguns lembretes, daqueles em que podemos escrever em um post-it, sabe? E por incrível que pareça eles me acompanharam por um ano e meio de gestão.
No livro “Eu sou as escolhas que eu faço” da Elle Luna, ela traz uma reflexão de que “quando colocamos no papel, as palavras se tornam palpáveis, visíveis” e foi assim que cheguei às seguintes referências para a minha liderança:
⁃ Liderança com representatividade: inclua, represente e valorize seus liderados, é assim que eles se sentirão parte do seu time.
⁃ Título de cargo não traz resultado: ser GPM carrega sim uma expectativa, mas, no fim do dia, o que vale é ser você! Busque aplicar o que acredita para chegar aos resultados que você trabalhou para alcançar.
⁃ Tenha trocas profundas e sinceras: conheça seus liderados, entenda mais das suas dificuldades e alegrias para que juntos cheguem no lugar que tenham como objetivo.
Ocupar um cargo de liderança exige comprometimento, parceria, responsabilidade e muita empatia. Se você escolheu seguir esse caminho, mantenha sua essência, alinhe expectativas com seu gestor e liderados, busque achar o seu tempo também para absorver as coisas e conversar com seus pares para trocar experiências.
Carregue boas dicas, referências e lembretes com você, eles serão suas melhores companhias.