E se você for bom? Uma reflexão e guia para a Síndrome de Impostor

Não deixe a síndrome de impostor te impedir de reconhecer o seu potencial e seguir em frente com confiança e determinação. Você é bom e pode alcançar grandes coisas, acredite em si mesmo!

E se você for bom? Uma reflexão e guia para a Síndrome de Impostor
Photo by Priscilla Du Preez / Unsplash

Ultimamente tenho notado tanto no meu ambiente de trabalho quanto num âmbito social que as pessoas têm se sentido inseguras, desmerecedoras ou incapazes. Sabe aquele e-mail que você escreve e revisa 5 vezes antes de enviar com receio que alguém descubra erros e constate que você é uma fraude? — na maioria dos casos esses pensamentos vêm delas mesmas e não são de consenso de seus colegas.  Desta forma pode-se relacionar a origem desses problemas a uma possível síndrome de impostor — por alguns momentos eu também me senti assim e é por isto que resolvi escrever.

Se você se identificou com os problemas do parágrafo anterior você precisa entender do que se trata este fenômeno.

A síndrome do impostor está relacionada a uma autossabotagem, quando a insegurança (que faz parte da natureza humana) ultrapassa o limite “esperado” — todos nós sofremos com insegurança em alguns momentos e cabe a nós lidarmos com isso.

“Insegurança todo mundo tem, lidar com isso faz parte. Na síndrome do impostor, a diferença é que a pessoa se comporta tanto sob o controle desse julgamento, que ela não tem habilidades de aceitação e compreensão, além de um déficit muito grande de percepção social e autopercepção. Ela entra em um processo de fusão dos pensamentos e sentimentos, ela não consegue diferenciar o que é ela e o que são essas crenças.” — é o que diz o psicólogo Filipe Colombini , neste artigo.

Existem, sim, os impostores — e é para isto que esse “alerta” pode nos ser útil, segundo Marty Cagan, o guru de Produtos, no livro Empoderado (capítulo 18), quando ele diz que:

“A síndrome do impostor é uma emoção muito saudável e necessária, e um sinal importante de nossas mentes. Contudo, a maioria das pessoas não entende esse sinal. Elas pensam que é apenas medo natural e inseguranças, todos os têm, e precisam simplesmente superar suas preocupações e deixá-las para trás. Porém, eu interpreto esse sinal de maneira muito diferente. É minha mente me avisando das consequências se eu não fizer meu dever de casa e realmente me preparar."

Existem diversos artigos que podem explicar melhor os sintomas e tratamentos da síndrome do impostor e não compete a mim entrar tão a fundo neste assunto.

Neste artigo usarei da minha breve jornada profissional como líder para esperançosamente te ajudar de alguma forma, afinal de contas, como dito no início, eu também passei por isso e quando esse fantasma volta a me perturbar, eu volto a fazer a prática destes 3 exercícios: reflexão da sua jornada, feedbacks e resultados, vamos lá?

Reflexão da sua jornada

Para começar, o que posso aconselhar para se livrar dessa insegurança, desse sentimento que a cada passo que dá pode estar cometendo um erro, é começar praticando o exercício de reflexão da sua caminhada. Entenda que questionar-se é um processo natural, mas pare e reflita toda sua jornada até aqui — veja até onde chegou, todas as dificuldades que se tornaram aprendizados e te deu uma certa bagagem. Valorize, reconheça e lembre-se de todas suas conquistas e aprendizados, e além disso, imagine e projete tudo aquilo que ainda está por vir. Você está onde está por diversas razões! Valorize e comemore isto.

Feedbacks

Falamos anteriormente sobre autorreconhecimento, mas feedbacks são essenciais também, embora você não tenha que se prender a isto, pois nem sempre são compartilhados, principalmente se sua rotina de trabalho é remota e você não tem uma comunicação tão constante com seus parceiros.

Os feedbacks podem surgir espontaneamente durante o dia e você nem está notando — então passe a ouvir mais seus colegas e tentar captar esses pequenos sinais que podem ser elogios e reconhecimentos ou pontos de atenção e críticas construtivas.

Se você está num ambiente corporativo que não faz a prática de reuniões de feedback (mesmo que trimestralmente), por que não sugerir ao seu líder? Essa reunião é um momento muito legal para reconhecimentos, elogios e pontos de atenção vindos da sua liderança. Existem outras cerimônias como a 1:1 (one-on-one) que você pode captar ou expressar algum feedback de uma forma mais descontraída, espontânea e com maior frequência.

Atenção! Não espere por nenhuma dessas reuniões, pois, sua empresa pode nem fazer o uso delas — pratique a comunicação! Quando sentir necessidade, chame seu colega ou seu líder e converse! Não há nada mais simples, porém eficaz do que uma bela comunicação para compreendermos os nossos próprios sentimentos e/ou dos nossos parceiros de uma forma transparente. Não hesite em pedir feedbacks! Seja do seu líder ou de outros parceiros de time.

Lembre-se que dar feedbacks não é uma das maiores responsabilidades de um líder, embora muitos ainda pensem isso. Na realidade o líder precisa ser seu alicerce, alguém para sanar suas dúvidas e ser alguém sempre disponível e atencioso.

Resultados

Por último e não menos importante: RESULTADOS!

Reflita toda diferença positiva que você fez e faz através do seu trabalho: não se apegue às entregas mas sim aos resultados.

Não pense que se você fosse tão incapaz como se sente ou não merecedor do cargo que tem, de alguma forma você teria sido notificado ou comunicado?

Acha que se tivesse impactando negativamente no seu projeto ou não alcançando os principais objetivos, alguém já teria notado? Principalmente no ambiente remoto onde agora sua vaga pode ser substituída por qualquer pessoa de qualquer parte do mundo? Não tenha dúvidas que seu líder ou a diretoria da empresa tem total ciência da sua competência e dos seus feitos — muitas vezes não são tão evidentes como dito anteriormente (por falha destas lideranças), pois se não fosse assim, estariam perdendo $ e consequentemente precisariam te chamar para uma conversinha, né?

Temos o privilégio de poder buscar por conhecimento e por melhoria: se algo negativo for identificado nas suas hard ou soft skills durante alguma reunião de feedback, ou em algum outro momento, veja isto como uma oportunidade de crescimento e também valorize este momento, afinal de contas você pode sim ser muito bom, e sim, várias pessoas podem concordar com isso. Mesmo que você pessoalmente não concorde. As pessoas contam com você e simbolizam uma oportunidade de melhoria — agarre isso com todas as forças se fizer sentido para você, pois para elas fazem!

Tenha a mentalidade de crescimento, como descrito pela psicóloga Carol Dwerc, no clássico livro Mindset, ao invés da mentalidade fixa.

Supondo um cenário onde seu gerente/líder lhe fornece algumas sugestões de melhorias:

  • Mentalidade fixa: Humm, acho que confundi tudo. Meu líder deve me achar um idiota.
  • Mentalidade de crescimento: Poxa vida, meu líder confia em mim e me deu dicas valiosas. A partir de agora, se estas dicas fizerem sentido, farei melhor minhas atividades.

Em conclusão, a síndrome do impostor é um fenômeno real que afeta muitas pessoas, tanto no ambiente de trabalho quanto na vida pessoal. No entanto, é importante lembrar que a insegurança faz parte da natureza humana e todos nós enfrentamos momentos de dúvida. É fundamental praticar a reflexão da sua jornada, reconhecendo suas conquistas e aprendizados, além de projetar seu potencial futuro. Os feedbacks também desempenham um papel crucial, pois permitem obter insights valiosos dos outros e promovem a comunicação transparente. Por fim, é essencial focar nos resultados que você tem alcançado e reconhecer o impacto positivo que seu trabalho tem tido. Se surgirem áreas de melhoria, encare-as como oportunidades de crescimento e mantenha uma mentalidade de desenvolvimento. Lembre-se de que você é capaz e tem o potencial para superar qualquer desafio. Portanto, cobre-se menos e confie em si mesmo.