Como o dinheiro digital afeta o consumidor brasileiro? - Parte 1

Os impactos da virtualização do dinheiro nas relações de consumo

Como o dinheiro digital afeta o consumidor brasileiro? - Parte 1
Photo by Fabian Blank / Unsplash

Este texto busca verificar os impactos da virtualização do dinheiro nas relações de consumo, com foco no consumidor brasileiro.

"Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela Terra com seus olhos voltados para o céu, pois lá você esteve e para lá você deseja voltar"

Leonardo Da Vinci.

O ser humano constrói suas relações baseado no seu ambiente e no que tem familiaridade, fazendo uma analogia com o texto de Da Vinci, uma vez que, o ser humano conhece ou experimenta outro tipo de ambiente que o agrada, dificilmente ele voltará ao ponto anterior.

E como o uso do dinheiro não físico afeta relações de consumo? Será que teve alteração ou inclusão de novos aspectos e itens econômicos, tendo em vista que atualmente o brasileiro está inserido em um contexto financeiro não apenas físico, mas também virtual?

Bem, espero trazer às respostas ao longo deste texto.

Sociedade e consumo

De acordo com Bauman (2008), a sociedade de consumidores é um conjunto peculiar que a maioria dos homens e mulheres abraçam a cultura consumista em vez de qualquer outra, e que na maior parte do tempo a obedeçam com máxima dedicação.

Mas para existir uma relação de consumo, precisa-se de uma troca, no cenário atual (pelo menos na maioria dos lugares) esta troca é financeira. Logo, o poder econômico dita algumas regras.E atualmente temos mais tecnologia nos meios de pagamento, trazendo uma nova estrutura de consumo.

Os consumidores dispõem de dinheiro físico, cartões de débito e crédito, cheques (sim, ainda não morreu!), aplicativos, e-payment e moedas digitais (criptomoeda). Com cenário tão diversificado de meios de pagamento, surge-se uma nova forma de comprar, influenciar e ser influenciado.

Comportamento

Muitos dos conceitos conhecidos sobre o comportamento de consumo são originados da Economia e da Psicologia, sendo estas ciências que tratam do comportamento humano, contudo se diferenciam em suas premissas e abordagens (LIMEIRA, 2016).

Para Solomon (pag. 24, 2002), o comportamento do consumidor é um estudo dos processos que estão relacionados a um grupo ou indivíduo quando estes selecionam, compram, usam ou dispõem de produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer necessidades e desejos.

Fonte: (LIMEIRA, 2016)

Outro ponto, é que o comportamento do consumidor é um processo contínuo, ou seja, ele não ocorre apenas no instante onde o consumidor entrega dinheiro ou apresenta um cartão de crédito para em troca receber um produto ou serviço (Solomon, 2002). Em uma visão mais ampla, há questões que influenciam o cliente antes, durante e depois da compra.

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Além disso, este cliente, que é um indivíduo, grupo ou organização, pode desempenhar diferentes papéis ao longo do processo de compra e uso de produtos e serviços (LIMEIRA, 2016).

Visto este cenário, percebe-se que o consumidor pode assumir diferentes papéis no processo de compra, e entender a motivação ou input que leva determinado cliente ou grupo de clientes a trocarem seus recursos por bens e serviços é importante, e de acordo com a teoria econômica, o cliente busca a maximização da utilidade, ou seja, busca atender o máximo de suas necessidades e desejo de acordo com sua restrição orçamentária.

Formas de pagamento

Partindo do cenário que o comprador é o responsável de fato por executar a compra, mas que nessa jogada ainda existe o papel do influenciador, será que o tipo de meio de pagamento pode alterar a compra?

Temos ao menos quatro pontos, desde a revolução industrial que geram influência no processo de compra e na construção da sociedade do consumo, são eles:


"Para os estudiosos desse fenômeno sociocultural e econômico, quatro processos simultâneos contribuíram para a formação da sociedade de consumo:

1) a produção industrial em larga escala, que possibilitou a expansão dos bens padronizados;

2) a distribuição em massa de produtos industrializados, que garantiu o acesso da população aos diversos tipos de bens;

3) a oferta de crédito ao consumidor, que viabilizou a aquisição dos bens de consumo;

4) o consumo de produtos industrializados por parte da população, que foi motivada pelas mensagens publicitárias sobre os benefícios dos produtos vendidos nas lojas.

[...] Desde essa época, o consumo torna-se uma dimensão central da vida social moderna, em que as aspirações consumistas são consideradas legítimas e a insaciabilidade dos desejos de compra e uso de produtos torna-se um fator importante para a manutenção do sistema econômico." (LIMEIRA, 2016)"


Focando no aspecto econômico do consumo, uma vez que só há aquisição de bens com a contrapartida de valores monetários. É preciso identificar o significado do dinheiro para o consumidor, de acordo com Solomon (2002) "o dinheiro tem uma variedade de complexos significados psicológicos: pode ser equiparado ao sucesso ou fracasso, aceitação social, segurança, amor ou liberdade" e "que a segurança é de longe o atributo mais intimamente ligado ao significado do dinheiro. Outras associações significativas incluem o conforto, capacidade de ajudar os filhos, liberdade e prazer".

Sendo assim, um dinheiro que não seja físico (não tocável) pode gerar desconforto para seu uso? Ou a maximização da utilidade e do crédito falam mais alto? O que move um consumidor a usar outro tipo de dinheiro?

Evolução dos meios de pagamento