Iniciar um produto em público, o famoso Build in Public, foi uma das minhas melhores decisões até agora. Mas, confesso, essa jornada tem sido cheia de incertezas, desafios e aprendizados. Desde conectar com pessoas incríveis que me ajudam a estruturar minhas ideias, até lidar com a frustração de entrevistas com usuários que não saem como esperado.
Neste artigo, vou compartilhar como estou lidando com a difícil tarefa de estruturar um modelo de negócio, validando hipóteses, entendendo o problem fit e tentando não ser paralisada pela perfeição (quem nunca?).
Acompanhe o processo, aprenda com os meus erros e acertos.
Reflexões e Incertezas no Build in Public
Iniciar o Build in Public foi, sem dúvida, uma das melhores decisões que tomei até agora. Mesmo com todas as incertezas que acompanham as etapas iniciais de um novo projeto, essa foi uma iniciativa acertada. A conexão com novas pessoas por meio do LinkedIn, que leram meu primeiro artigo, tem sido extremamente valiosa. Trocas com profissionais como Jairo César, que me apresentou o livro Comece Sua Startup Enxuta do Ash Maurya, me ajudaram a estruturar melhor minhas ideias. Além disso, conversas quase diárias com a Isabela Rabello, uma GMP que se tornou empreendedora, têm sido extremamente enriquecedoras.
Brinco que o Build in Public é a única coisa de que tenho certeza nesse momento, muito por causa das incertezas inerentes ao processo de estruturar uma ideia em um plano funcional. Curiosamente, em uma de nossas conversas, o Jairo me fez uma pergunta que me pegou de surpresa: "Por que você decidiu começar essa iniciativa de um produto e um Build in Public?".
E minha resposta, em resumo, foi: "Porque eu preciso me comprometer publicamente para não desistir". Veja bem, como mencionei no artigo anterior, tenho uma mente inquieta. Já iniciei vários projetos interessantes, mas muitos acabaram na gaveta. Conversando sobre isso com minha psicóloga, ela comentou que ter muitas opções pode nos paralisar, e minhas múltiplas habilidades acabam ampliando demais esse leque de possibilidades, logo a paralisia.
Lembro-me também de uma frase dita por uma professora em um dos cursos que fiz: "A perfeição anda de mãos dadas com a procrastinação". Isso me marcou profundamente. Se me perguntassem em uma entrevista de emprego qual seria meu defeito, provavelmente eu responderia o clássico "sou muito perfeccionista". Essa busca pela perfeição, muitas vezes, me trava.
Onde Estou Agora?
Minha principal dificuldade estava sendo por onde começar, ou seja, sair da ideia inicial e estruturá-la em um plano que funcione. Como gosto de deixar bem claro, tenho várias habilidades. Já atuei como desenvolvedora, designer de produto, gerente de produto, liderei operações de sucesso do cliente, e agora, me vejo no papel de vendedora.
O maior desafio tem sido determinar qual dessas vozes devo ouvir para dar meu primeiro passo. Estou quase como aquele personagem do James McAvoy no filme Fragmentado, mas depois de começar a ler Comece Sua Startup Enxuta, a voz da gerente de produto prevaleceu (PM wins!).
Iniciei uma pesquisa com potenciais adotantes iniciais, em busca do problem fit. Agora, como empreendedora solo, sou a administradora, a vendedora, o marketing, a linha de produção e o financeiro. Essa sobrecarga me fez perceber a necessidade de buscar ajuda através de cursos rápidos sobre gestão de pequenas empresas.
Assim como eu, muitos empreendedores solos também sentem esse mesmo peso. Por isso, abordei seguidores desses cursos para minha pesquisa, afinal, eles já estão cientes dos desafios que enfrentam e estão em busca de soluções.
Abordei cerca de 30 pessoas, além de alguns conhecidos, e gostaria de dizer que foi um sucesso... mas não foi. É incrível como entrevistas com usuários podem ser frustrantes rapidamente. Apenas 2 pessoas me responderam das abordadas, além de 4 conhecidos.
Isso me levou a pensar: "Será que de fato preciso conversar com essas pessoas agora?". Muitos dos dados que eu preciso já foram levantados pelo Sebrae. Todo ano, eles divulgam um Atlas que deixa claro quem são os MEIs e MEs. No portal DataSebrae, encontro inúmeras informações, como:
- Mais da metade dos MEIs não faz registro de suas retiradas pró-labora;
- Metade dos entrevistados às vezes são pegos de surpresa e não sabem como pagar suas contas;
- 77% nunca fizeram um curso de educação financeira;
- 48% não registram os gastos do negócio, e 68% não têm previsão de saldo.
- Quase 50% dos empresários registra todas as receitas no dia a dia em um caderno, de modo a fazer um controle sobre a entrada de dinheiro do negócio, 17% registra em um computador, e 39% não fazem o registro das receitas
Uma das entrevistadas, que também é minha concorrente no ramo de velas, não usava nenhuma solução para gestão financeira e nunca havia passado pela cabeça dela buscar por uma. Após ser impactada por um anúncio de curso no Instagram, começou a usar um caderno. Isso me dá duas pistas importantes: o canal de aquisição, provavelmente o Instagram, e o perfil do adotante inicial.
Apesar da minha insegurança em relação ao método de validação do problem fit, estou inclinada a focar no problema de gestão financeira, especialmente em precificação, pois tem sido um desafio na minha própria empresa de velas. As inúmeras planilhas de precificação que encontrei na internet parecem validar essa dor no mercado.
Será que estou pulando etapas?
Além dessa, surgem outras perguntas, como: