Sobre a série:
O estilo de liderança centralizador e pautado no comando e controle está cada vez mais no passado das perspectivas de trabalho. Ainda que algumas empresas busquem por estes estilos, a grande maioria - principalmente as que buscam se destacar em mercados digitais - tenta desconstruí-lo.
Nesta série de artigos, discutiremos mudanças de hábitos, comportamentos e novas estratégias que, ao se somarem, ajudaram você a liderar times de maneira mais alinhada ao “novo mundo” que se apresenta.
Estes episódios trazem pra você o que há de mais atual e relevante nos estudos, práticas e planos de desenvolvimento de empresas que são reconhecidas por suas práticas de gestão de pessoas, como Itaú Unibanco, Google, Dell e Magazine Luiza.
O que leremos hoje
No mundo B.I.N.A., inovação é um ativo mais que desejado. Isso é mais que claro, e semanalmente reforçado por stakeholders e suas demandas criativas que lotam o backlog dos times de produto.
Em frente a pressões de negócio e limitações tecnológicas, muitas lideranças de produto se perguntam se existiria uma saída mais fácil - leia-se “um jeito criativo” - de trazer soluções que atendessem a demandas complexas. E a verdade é que, muitas vezes, até que há, e a sensação satisfatória de uma ideia inovadora (que pode ser simples) é impagável; enche não só a moral do nosso ego, mas também a consideração de nossos queridos stakies <3.
Neste sentido, muitas destas lideranças se perguntam qual é o verdadeiro segredo para desbloquear o potencial criativo, seu e de suas equipes. Enquanto ferramentas de gestão, tecnologia e estratégias ágeis pipocam como respostas primárias a esta questão, o artigo de hoje abordará um fator fundamental que é frequentemente subestimado: a segurança psicológica.
Criar um ambiente em que as pessoas se sintam seguras para expressar ideias, cometer erros e experimentar novas abordagens não é apenas uma boa prática de gestão — é um verdadeiro motor da inovação. Neste artigo, vamos explorar por que a segurança psicológica é base para a criatividade, como ela impacta diretamente a inovação e por que você precisa começar a prestar atenção nisso agora.
Não falaremos de assuntos como “o que é a inovação” ou “escuta ativa e CNV”. Por mais importantes que sejam, traremos conceitos mais avançados sobre o tema, compreendendo que você não parte do zero sobre o assunto, e aproveitando para conectá-lo com estratégias que vão te transformar em uma liderança mais estratégica e sênior.
Confia. Vai valer a pena.
O que é a inovação
Brincadeira. kkkk
Os tipos de segurança psicológica
Sendo um ser humano, você deve saber dizer qual o valor da segurança psicológica nas nossas vidas. Faça um exercício rápido e relembre algum episódio, dentro ou fora do trabalho, em que não se sentiu visto ou incluído pelas pessoas do “grupo”. Agora tente lembrar como você reagiu naquele contexto. Quais estímulos você teve para trazer ideias novas ou debater questões que estavam sendo propostas?
Agora pense em outro episódio, em que você até sentiu espaço para contribuir, mas percebeu que algumas ideias, suas ou de outras pessoas, eram menosprezadas ou, de alguma forma, retalhadas. Qual nível de inibição você experimentou nesse caso?
Estes dois exercícios devem ser suficientes para você relembrar o quão bom é estar em um ambiente onde você sente segurança para expor, questionar e até confrontar ideias. E isso é um ambiente com segurança psicológica.
Um dos principais pesquisadores e autores sobre o tema é Timothy R. Clark, cientista social formado em Oxford e CEO da LeaderFactor. Um dos seus principais livros chama-se “Os 4 estágios para a Segurança Psicológica”, que são:
- Segurança de Inclusão;
- Segurança de Aprendizagem;
- Segurança de Contribuição, e
- Segurança de Confronto.
Um dos diferenciais dessa teoria é que cada um destes estágios, por vezes aqui chamados de “degraus para a segurança psicológica”, atende a uma necessidade humana básica, fortalecendo o sentido e os benefícios de garantir cada um deles.
Segurança de Inclusão
Ao relembrar de uma situação em que você não se sentiu visto ou incluído em um grupo, você se conectou com um episódio onde, segundo Timothy, faltou a segurança de inclusão.
Este é o primeiro degrau para construir um ambiente de segurança psicológica, pois atende a uma das necessidades humanas mais fundamentais: o desejo de conexão e pertencimento. Em contextos onde as pessoas temem a exclusão, o medo inibe a disposição para correr riscos, fazer perguntas ou sugerir novas abordagens.
Segurança de inclusão envolve a experiência de ser acolhido por um grupo ou comunidade, permitindo que as pessoas interajam sem receio de serem rejeitadas, julgadas ou penalizadas por suas contribuições ou presença.