Gestão de plataforma e API: você sabe como fazer?

Plataforma é diferente de produto

Gestão de plataforma e API: você sabe como fazer?
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Se sua resposta foi NÃO, provavelmente você está passando pelo mesmo que eu passei. Olhando para trás, percebi uma coisa… Sabe a diferença entre gestão de produto e gestão de plataforma? Nenhuma! A gestão “by the book”, “ipsis litteris”, a clássica… é a mesma. O que muda é o tipo de produto. E o "tipo" de produto transforma TUDO na gestão que estamos acostumados.

Plataforma é diferente de produto

A primeira lição que aprendi ao entrar no mundo da gestão de plataformas foi que, embora os princípios de gestão de produtos permaneçam os mesmos, as características únicas das plataformas mudam completamente a dinâmica de trabalho.

Para ilustrar, lembro de uma tese de doutorado que estuda a DX 200 Platform, uma plataforma interna da Nokia Networks desenvolvida no final dos anos 1990. Décadas se passaram, mas os problemas observados ainda estão presentes em ecossistemas complexos de plataformas. Veja alguns:

  • Estratégias de curto prazo ganham prioridade: Times de plataforma são pressionados a priorizar demandas urgentes, sacrificando o planejamento de longo prazo;
  • Replanejamentos constantes: Necessidades variadas e conflitantes exigem mudanças no plano de desenvolvimento da plataforma;
  • Burocracia nas decisões: Comitês para tomada de decisões tornam o processo ineficiente e oneroso, e até a alta gestão é envolvida;
  • Priorização baseada em poder: Produtos menores perdem espaço para os maiores no desenvolvimento da plataforma;
  • Muitas dependências: O desenvolvimento paralelo de plataformas e produtos derivados torna a gestão mais complexa e a pressão por prazos ainda mais intensa;
  • Métricas desalinhadas: Métricas costumam focar mais em projetos do que em resultados para o negócio;
  • Tensão entre generalização e especialização: Plataformas genéricas muitas vezes não atendem completamente os times de produto, ou se especializam demais, limitando que novos produtos a utilizem.

Esses são apenas alguns dos desafios que você pode enfrentar. A gestão de plataformas exige novas habilidades e uma visão muito mais abrangente.

Plataformize-se

Adotar a mentalidade de plataforma é uma forma de lidar com os desafios típicos da gestão desse tipo de produto. Por exemplo:

  • De interfaces visuais para capacidades: APIs não são apenas interfaces, mas capacidades do negócio que podem ser reutilizadas em diversos contextos;
  • De produto individual para ecossistema: É preciso uma visão holística para entender como a sua plataforma se integra com outras plataformas, apps e produtos até chegar ao cliente final;
  • De comunicação para comunicação intensificada: A necessidade de comunicação entre equipes aumenta tanto em quantidade quanto em qualidade; o “techniquês” será cada vez mais parte do seu vocabulário, mas também será necessário traduzir isso para o negócio;
  • De habilidades comuns para específicas: PMs de plataforma precisam de um conhecimento técnico maior para entender problemas de escalabilidade e integração;
  • De curto para longo prazo: Ganhos rápidos podem prejudicar a longevidade da plataforma, e projetos de longo prazo, mesmo que essenciais, são mais difíceis de obter buy-in;
  • De métricas de produto para de plataforma: As métricas são outras e é preciso conhecer e acompanhar também métricas de saúde da plataforma.

Incorporar a mentalidade de plataforma vai além de aprender coisas técnicas. Trata-se de desenvolver uma nova forma de pensar e agir. E isso não vale apenas para o PM, mas para a empresa como um todo. PMs podem atuar como agentes de mudança, “produtizando” plataformas em ambientes técnicos, bem como “plataformizando” áreas que ainda desconhecem determinados conceitos.

Você deve estar se perguntando: "Como faço isso se a maioria dos conteúdos sobre plataformas é voltada para pessoas técnicas? Não têm livros para PMs." Não tinha… agora tem!

O livro Gestão de Plataformas e APIs: estratégia e discovery para product managers não técnicos é um guia prático em que compartilho cases reais da minha experiência na gestão da plataforma de pedidos do iFood, onde apliquei o que aprendi como product designer, product manager e o que precisei dominar sobre questões técnicas.

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