Até onde fazer discovery?

O equilíbrio entre incerteza e o risco de estarmos errados

Até onde fazer discovery?
Photo by Matt Ridley / Unsplash

Uma das características principais de uma empresa é que ela é um ambiente complexo (eu já falei muito sobre isso aqui, aqui e aqui), ou seja, ninguém consegue enxergar e controlar todas as variáveis que ali habitam e se relacionam simultaneamente, de forma que os resultados dessas interações são imprevisíveis.

Isso quer dizer que não conseguimos prever o futuro com assertividade. Na verdade, somos muito ruins em tentarmos prever qualquer coisa porque somos seres convictos, limitados e enviesados e queremos confirmar aquilo que mais nos parece certo, porque o que nos parece certo nos faz gastarmos menos energia e nos sentirmos mais seguros (Kahneman, D.).

A Booking.com, a qual é uma das empresas que mais tomam decisões baseadas em experimentação aplicadas a métodos científicos rigorosos, falha em 9 de cada 10 experimentos que realiza (Thomke, S.). Isso significa que, de cada 10 hipóteses que eles acreditam estarem certos, 9 se provam erradas, ou seja, se eles tivessem se baseado somente na opinião das pessoas, estariam errados 90% das vezes.

É exatamente por isso que a descoberta de produto foi criada. Precisávamos de uma forma de diminuirmos o risco de estarmos errados em nossas decisões, e assim parar de jogar dinheiro no lixo fazendo algo que não traria retorno nenhum.

E é justamente esse fator de risco que nos responde à pergunta feita no título desse artigo.

Basicamente, precisamos fazer discovery até que consigamos diminuir a incerteza na tomada de decisão para um nível aceitável de risco de estarmos errados no caminho da geração de valor para os usuários e retorno para o negócio.

Isso nos faz concluir que a discussão primordial não é sobre tempo, mas sim sobre risco versus retorno.

Isso também nos faz concluir que discovery é um investimento e que se bem usado, pode potencializar e muito o retorno ou evitar o desperdício. O problema acontece quando é mal usado.

Discovery é investimento

Toda mudança que planejamos fazer em nosso produto tem um custo. Foi depois de 2001, com o advento da agilidade, que o discovery começou a se popularizar como parte do processo de desenvolvimento de software produtos e portanto, também passou a compor esse custo.