A agilidade nua e crua

Não é uma coisinha bonita que todo mundo quer fazer porque está na moda

A agilidade nua e crua
Photo by Jr Korpa / Unsplash

A melhor definição de agilidade que eu já vi é a seguinte

The point of Agile is reducing the cost of change and uncertainty. Desconhecido

Duas palavras nessa frase definem exatamente o que é uma empresa: um emaranhado de incertezas que mudam a todo tempo. Mudança e incerteza são as duas únicas certezas que uma empresa pode ter.

Não sei se vocês já perceberam, mas a velocidade do mercado já não é mais a mesma. Em 1980, uma Kodak da vida ainda podia gastar rios de dinheiro construindo um monte de produtos que não seriam usados por ninguém, porque não validou ou porque não entendeu as necessidades do usuário. Hoje, se você não conseguir testar suas hipóteses rapidamente, aprender com elas e mudar a direção, a não ser que você tenha um capital gigante de VC, é certa a “derradeira”.

O santo elixir ágil

Por conta dessa mudança brusca na velocidade do mercado e da tecnologia, as empresas começaram a entender que precisam trabalhar de forma diferente para continuar sobrevivendo nessa selva e foi aí que a palavra agile caiu no gosto popular, como a salvação e a resolução de todos os problemas.

Temos que ser ágeis! Precisamos implantar agilidade na empresa!

É aí que moram os dois maiores perigos da agilidade: achar que é algo simples de ser e de que a empresa pode ser ágil criando um projeto para implantar a agilidade. O ponto mais importante aqui é que agilidade não pode ser implantada, porque agilidade é modo de ser.

Como diz o Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software, agilidade é um conjunto de 4 valores e 12 princípios. Os mais fervorosos chegam até a falar que é uma filosofia de vida. Pois bem, isso significa basicamente que, para ser ágil, a empresa irá ter que mudar sua cultura, seu modo de ser. Em qual momento da história, mudar algo que as pessoas acreditam foi fácil?

É por isso que vemos por aí várias empresas dizendo que são ágeis porque agora usam Scrum, XP, kanban ou qualquer outra metodologia de prateleira que o mercado oferece, mas no final do dia ainda tem silos que não se conversam e decisões importantes do ponto de vista de geração de valor para o usuário são tomadas pelas pessoas com cargos mais altos.

Localmente os times podem até estar sendo ágeis, mas a cultura da empresa continua a mesma. E aí não existe uma varinha de condão em que você pronuncie palavras mágicas e pronto, somos ágeis. Esse tipo de pensamento é utópico.

Agilidade não é rapidinho